«A nossa ambição mantém-se», garante Eduardo Garcia e Costa, Presidente da KW Portugal, em entrevista exclusiva à VI. O responsável falava por ocasião do Mega Camp, evento da KW que se realizou pela primeira vez em Portugal, e que reuniu mais de 640 participantes remotamente. O balanço «é muito positivo», segundo o responsável. «Tivemos a presença de várias personalidades impactantes e que falaram da sua experiência profissional e nos deram a sua perspetiva e visão do mercado».
O objetivo mantém-se, depois de a KW praticamente ter dobrado a sua dimensão nos últimos 18 meses. «Temos um plano para atingir a liderança do mercado até ao final de 2023 com 10.000 consultores».
Apesar da pandemia, nos meses de julho e agosto a KW registou um aumento do volume de vendas de 46% e 71% face a igual período do ano passado, «uma grande recuperação» face aos meses do confinamento. Julho foi, inclusive, o mês com maior número de angariações, um dado que «mostra que existiu uma forte adaptação dos consultores da KW à nova realidade do mercado imobiliário nos pós confinamento».
Em agosto houve um crescimento de 18% e em setembro de 25%, relativamente ao ano de 2019», nota o responsável.
Aumentou a procura por habitação com espaço exterior ou com melhor qualidade, fora dos centros urbanos de Lisboa e Porto. «Notamos uma preocupação acrescida pelas condições de habitabilidade das casas dado que o tempo que possivelmente se vai passar em casa é maior». A procura busca mais flexibilidade, que permita conciliar habitação com atividade profissional ou escolar: «vai haver, certamente, uma tendência para trabalhar cada vez mais a partir de casa ou em co-workings, por isso viver nos centros urbanos, perto do escritório, deixa de ser uma necessidade. Estas são novas exigências que podem ajudar a transformar o mercado imobiliário um pouco por todo o mundo», avisa.
A empresa registou um crescimento de 36% no primeiro semestre do ano, somando os 27 market centers. Abriu 5 novos (KW Flash em Albufeira; KW Active, no Parque das Nações e KW Lead Restelo, em Lisboa, KW Flash Algarve Sotavento, em Faro e KW Pro Campo Pequeno em Lisboa), e até ao final deste ano deverá abrir mais um. Aberturas que «estão assentes no nosso plano de expansão».
Mercado “vai tornar-se mais digital”
«Em seis meses aconteceram mudanças que, provavelmente, demorariam vários anos a acontecer», aponta Eduardo Garcia e Costa, que está convencido de que «o mercado vai tornar-se mais digital pois existem práticas e hábitos tecnológicos que vieram para ficar».
Outro dos objetivos da rede imobiliária passa por tornar a atividade mais funcional: «para tal, pretendemos que a tecnologia assuma um papel importante, dando as melhores ferramentas aos consultores e permitindo uma otimização do seu tempo», processo que aliás já tinha começado com a pandemia, durante os meses de abril e maio. «Do lado da mediação imobiliária, teve de existir uma adaptação a uma nova realidade, para encontrar e servir os clientes, num mundo com mais distanciamento social em que a digitalização e a tecnologia têm tido um papel preponderante».
Mas Eduardo Garcia e Costa admite que «os próximos meses, vão pôr à prova a capacidade de adaptação da mediação imobiliária a esta nova realidade de mercado e, os consultores imobiliários vão entender quais as empresas que melhor os podem apoiar».
Imobiliário “não é dependente do resto da economia”
O responsável da KW lembra que «o setor imobiliário não é independente do resto da economia», e que os efeitos da pandemia são inevitáveis «assim que o habitual efeito dominó da crise económica já desencadeado começar a afetar os habituais compradores de casas».
Mas, recorda, «como disse o Gary Keller em março, vamos todos “Preparar-nos para o pior mas esforçarmo-nos ao máximo para que nos aconteça o melhor”. Esta é a mensagem que passamos à nossa equipa».
Isto porque «ninguém consegue ter uma leitura do que vai acontecer em 2021 (…), a existência de uma vacina ou de um tratamento para a COVID-19, são fatores de uma elevada imprevisibilidade. O impacto no emprego e do fim dos lay-offs e das moratórias são variáveis que podem ter impacto direto no nosso setor. Teremos ainda o impacto da retoma do turismo ou não. Estes fatores irão influenciar o setor e por isso os próximos meses vão ser importantes para compreender a evolução do mercado», prevê.