Este ano ficará «inevitavelmente marcado por uma nova dinâmica no setor imobiliário, que andará a várias velocidades a partir de agora». As palavras são do Vice-Presidente Executivo da APPII, Hugo Santos Ferreira, que falava num debate durante a apresentação online do novo projeto Lumino, da Round Hill Capital e da TPG, em Lisboa.
Para o responsável, é de esperar este ano «uma quebra do mercado dos fogos usados, mas uma maior dinâmica da construção nova». Identifica que «continuamos a ter um crescimento dos preços a nível geral, nomeadamente de 0,6% em janeiro, o que constata a resiliência do mercado imobiliário de habitação», constata.
Destaca como uma das mais importantes oportunidades para o setor nos próximos anos a execução da Estratégia de Longo Prazo para a Recuperação de Edifícios, que vai reabilitar o parque edificado com cerca de 143.000 milhões de euros até 2050. No entanto, Hugo Santos Ferreira mostra «preocupação» com o facto de as novas medidas de apoio à área da habitação e da eficiência energética, também no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência, «não incluírem nenhuma medida destinada à colocação de oferta privada de habitação. A oferta pública é muito importante, mas não será suficiente, e o investimento público tem de ser sempre um indutor do investimento privado».
Sobre a necessária oferta de habitação, alerta também para o facto de que «não vemos, na prática, investimento no arrendamento de longa duração. Há muitas intenções, mas não temos ainda em Portugal projetos com escala que consigam ultrapassar os vários constrangimentos do mercado». Defende «um pacto de regime do sistema fiscal do arrendamento, que na última década foi alterado mais de 10 vezes».
Patrícia Barão, Vice-Presidente da APEMIP e Head of Residential da JLL, concordou nesta ocasião que «é inevitável uma correção em baixa nos preços dos fogos usados», apesar de destacar que «a habitação tem sido muito resiliente» apesar da pandemia. «A prova disso, é o sucesso do Lumino no mercado, em pleno confinamento».
Assumindo-se otimista, a responsável acredita que «teremos boas condições em 2021 para que o mercado possa oferecer projetos de qualidade como este. Acredito muito no nosso imobiliário, e Portugal tem condições que mais nenhum país oferece». E remata que «se mesmo como excesso de stock ultrapassamos uma crise, agora não temos razão para não ultrapassar».
Por seu turno, Patrícia Clímaco, Co-Fundadora e Partner da Castelhana Real Estate, vê a a habitação como «vencedora» em tempo de pandemia. «Os próprios millennials começam a pensar em investir em habitação, pois agora podem trabalhar de qualquer lado». E acredita que a quebra do número de transações registada no último mês «é quase insignificante, atendendo ao facto de que estamos em confinamento».
A responsável está confiante na atratividade do imobiliário, pois identifica que «a oferta continua limitada, devido a grandes atrasos no licenciamento, e as taxas de juro vão continuar muito baixas». Mas alerta para a importância «de maior digitalização do imobiliário, pois ainda não podemos escriturar remotamente, por exemplo».
Neste debate sobre o setor, que decorreu no âmbito da apresentação do Lumino, participaram ainda Miguel Saraiva, CEO da Saraiva + Associados e Rafaela Andrade, Partner e CFO da CASAFARI.