Lisboa “não tem excesso de turismo”, está apenas “mal distribuído e desregulado”

Lisboa “não tem excesso de turismo”, está apenas “mal distribuído e desregulado”
Fotografia de Andreas Brücker, Unsplash.

A capital portuguesa “não tem excesso de turismo”, mas o que tem está “mal distribuído e desregulado”. A conclusão é da Assembleia Municipal de Lisboa, que apresentou esta terça-feira, em reunião de Câmara, o relatório intitulado "Cidade menos visitada – estratégias de desconcentração da pressão turística e mitigação dos seus impactos em Lisboa", elaborado pela 2.ª Comissão Permanente de Economia, Inovação e Turismo.

Na base do relatório estão cerca de duas dezenas de audições a agentes locais, inclusive a Associação Turismo de Lisboa, com conclusões e com recomendações dirigidas à câmara. "Lisboa não tem excesso de turismo como alguns vão dizendo, tem sim turismo mal distribuído pela cidade, desregulado, centrando-se nas zonas mais conhecidas como Belém, Santa Maria Maior, Bairro Alto, Baixa Chiado, Alfama, Mouraria e Castelo”, lê-se no documento disponível no site da AM Lisboa.

A Assembleia Municipal de Lisboa defende assim a descentralização turística, que permite a redução da pressão sobre os centros históricos, a valorização de zonas negligenciadas, o desenvolvimento económico mais equilibrado e a preservação da identidade cultural urbana. Lisboa tem zonas com grande potencial. “Lisboa tem zonas com grande potencial turístico fora do centro, como Marvila, Beato, Ajuda, Olivais, entre outras”, lê-se no relatório, que poderá ser um “ponto de partida para Lisboa desenvolver um planeamento de descentralização turística, pensado para integrar novas zonas numa estratégia de turismo sustentável, baseado em alguns exemplos europeus bem conseguidos”.

As recomendações do relatório incidem sobre temas como a sinalética, os eixos e roteiros turísticos; a estratégia, cooperação e concertação; a mobilidade e os transportes; a bilhética e a divulgação; a taxa municipal turística de dormida e património; bem como a habitação e o alojamento local.

Sobre a sinalética na cidade, “é insuficiente e, nos poucos casos em que existe, não está implantada de forma integrada no território; está, na sua maioria, obsoleta e não recorre ao uso de novas tecnologias de informação”. Outra das conclusões aponta para “uma flagrante falta de cooperação entre os vários intervenientes no turismo da cidade” e sublinha que “cobertura deficiente de transportes públicos condiciona a visitação de alguns equipamentos culturais e monumentos, sobretudo - mas não só - na coroa Norte da Cidade”.

O relatório propõe assim a “criação de uma aplicação própria, desenhada de forma a descentralizar o turismo, a diminuir a pressão no centro histórico e a promover a 'Cidade Menos Visitada', integrando os equipamentos culturais, museus e monumentos em falta, bem como os eixos e roteiros turísticos já existentes e a criar ou, em alternativa, modernizar aplataforma "visit lisboa" com os mesmos objetivos

No que respeita ao alojamento local, o relatório sugere uma avaliação do seu impacto, “tendo em conta e respeitando o que a lei prevê quanto à percentagem de fogos por zona, integrando-o numa estratégia mais vasta que contribua para o crescimento sustentado da Cidade Menos Visitada, promovendo a desconcentração e descentralização do número de dormidas nas freguesias já identificadas como críticas”.