A rede imobiliária Century 21 Portugal registou no ano passado uma faturação superior a 49 milhões de euros, 4,5% acima dos 46,9 milhões registados em 2019.
O volume de negócios mediado diretamente pela C21, e em partilha com outros operadores, registou uma subida de 1,6% para os cerca de 1.978 milhões de euros. Foram realizadas pela rede 12.565 transações de venda de imóveis, numa quebra de 4,5% face aos 13.160 negócios fechados no ano anterior.
As habitações mais procuradas pelos portugueses continuam a ser os apartamentos T2 e T3, mantendo-se o comportamento dos consumidores em termos de zonas preferidas, tipologias e dimensões dos imóveis. No entanto, a C21 registou um aumento de 6,9% no valor médio dos imóveis transacionados na rede, face ao ano anterior, que se fixou nos 107.500 euros para o global do país.
Esta variação foi de 7,4% no caso de Lisboa, com um valor médio de transação de 328.199 euros, o valor mais alto do país. mas foi Setúbal que registou a maior subida dos preços médios, de 22,1%, para os 156.048 euros. Pelo contrário, Faro registou uma descida de 3,2% para os 184.145 euros, e o Porto de 0,4% para os 201.500 euros.
Falta oferta no segmento médio sobe os valores médios
Ricardo Sousa, CEO da Century 21 Portugal, explica que «esta subida do valor médio dos imóveis transacionados é uma consequência direta da falta de oferta no segmento médio e médio baixo, uma situação que coloca ainda maior pressão na taxa de esforço dos portugueses para aquisição de casa».
O especialista salienta «uma maior dinâmica do mercado imobiliário nas cidades e zonas suburbanas da Área Metropolitana de Lisboa e da Área Metropolitana do Porto, onde registamos níveis superiores de procura e do número de transações efetuadas, com as famílias e jovens a serem obrigados a procurarem novas zonas, mais ajustadas ao seu poder de compra». Foi esta dinâmica que levou a um aumento do valor médio dos imóveis transacionados nessas cidades, como Setúbal.
Por outro lado, nas cidades e regiões mais alavancadas pelo turismo e pelas transações internacionais verificou-se uma ligeira descida do valor médio dos imóveis transacionados, como é o caso de Faro.
Valor médio do arrendamento desce 3,5%
Por outro lado, a C21 registou uma subida de 5% no número de operações de arrendamento, seguindo a tendência crescente do ano anterior, fechando 2.685 operações de arrendamento, mais 127 que no ano anterior. A segunda metade do ano registou os níveis de transações mais elevados dos últimos 2 anos.
O valor médio de arrendamento a nível nacional fixou-se nos 817 euros, menos 3,5% que a média nacional de 847 euros registada em 2019.
Mas as quebras foram mais expressivas em várias zonas do país, como em Lisboa, onde a descida foi de 15,3% para os 1.031 euros, ou em Faro, onde desceu 19,8% para os 702 euros. Mas foi no Porto que se registou a maior variação, de 38,5%, para os 691 euros.
Ricardo Sousa identifica que «esta a descida é uma consequência do perfil de procura, com menor capacidade económica, bem como de famílias e jovens que procuram uma solução flexível e temporária de habitação, que optam pelo arrendamento como a alternativa possível».
Por outro lado, 2020 «foi também marcado pela transferência de muitos imóveis alocados ao Alojamento Local para o arrendamento de longa duração, o que influenciou o aumento da oferta e um maior ajuste do valor médio de renda nos imóveis transacionados em mercados como Lisboa e Porto, com a Cidade Invicta a registar quebras de quase 40% no valor médio de arrendamento, e onde os proprietários tiveram que se adaptar para arrendarem rapidamente os seus imóveis».
Novo “built to rent” pode ajudar com nova oferta
Certo é que «a taxa de esforço para arrendar habitação nas principais cidades portugueses contínua elevadíssima e pouco competitiva, comparativamente com a opção de compra de casa». Ricardo Sousa considera que «esta transferência de imóveis do AL para o mercado de arrendamento não é a solução para as famílias portuguesas, porque na sua maioria são tipologias e localizações que não estão ajustadas à procura».
Neste sentido, «é expectável uma maior aposta por parte de promotores e investidores em soluções built to rent pensadas de raiz para a procura atual, as suas necessidade e poder de compra», prevê.
Perspetivas “moderadamente positivas” para o mercado residencial
2021 será um ano de incerteza para todos, e também para a Century 21, pois ainda não se sabe ao certo qual será o impacto da pandemia de Covid-19 na economia em Portugal e a nível global.
Os indicadores mostram-se “moderadamente positivos” para o mercado de habitação em Portugal, pois a procura mantém-se robusta, já que «a maioria das transações imobiliárias é uma consequência de alterações da estrutura familiar», segundo a C21. Por outro lado, a relação das pessoas com a sua casa mudou com a pandemia, e criou novas necessidades habitacionais, o que também sustenta a procura.
Além disso, manter-se-á o excesso de liquidez nos mercados, e as taxas de juro historicamente baixas, o que continuará a dirigir os investidores para o mercado residencial, um contexto que também influencia o aumento do crédito à habitação, que continua disponível.
Segundo Ricardo Sousa, «a oferta limitada continuará a ser o maior desafio do mercado imobiliário, em particular nas soluções para a classe média. Porém, promotores e investidores estão cada vez mais atentos e a apostar neste segmento. Com o abrandamento da construção no setor turístico e de serviços, é expectável que se verifique um aumento significativo da capacidade produtiva de novas habitações», prevê o responsável.
E completa que «para mitigar os impactos da crise pandémica no sector imobiliário é também determinante que os vários stakeholders envolvidos estejam conscientes de que é necessário um processo progressivo para o fim das moratórias, para garantir uma recuperação sustentada da economia do País, das famílias e das PME».