Quem o diz é a C&W, na apresentação do seu Market Beat Portugal – Primavera 2016. A maior parte das dúvidas prende-se «com a nova política orçamental, de que forma vai ser conseguida. Preocupa-nos também o aumento da carga fiscal», referiu Marta Esteves Costa, Head of Research & Consultancy Iberia na C&W.
São vários os indicadores económicos positivos que jogam a favor do mercado atualmente, entre eles a correção da taxa de desemprego, ou o crescimento da economia. No entanto, o crescimento da economia foi revisto em baixa para 1,7 a 1,8%. O aumento da carga fiscal sobre os combustíveis poderá, também, vir a ter um impacto negativo sobre o orçamento das famílias. Mas é o fim das isenções fiscais dos fundos imobiliários e o agravamento do IMI sobre os imóveis comerciais que mais preocupa a consultora em termos de visibilidade e atratividade internacional. De salientar também o possível impacto dos eventos internacionais, do lado dos fatores externos, numa altura em que acontece muita coisa no mundo.
«Há que salientar que isto são apenas preocupações, para já não sentimos qualquer preocupação por parte dos investidores. Até porque se olharmos para fora, há sítios muito mais complicados que Portugal, por exemplo Espanha, ou a Grécia. E, por outro lado, onde a Blackstone compra, os outros também compram», comentou Eric van Leuven, managing partner da C&W. E, em Portugal, segundo o responsável, «as taxas de retorno são mais altas em Portugal, comparativamente com Espanha, por exemplo».
«Ainda é cedo para saber que setor pode vir a ser mais penalizado pelo OE, para já, tudo isto são dúvidas. O que é certo é que temos agora no início do ano mais e melhores negócios que no ano passado», referiu.
Mas não deixou de salientar que «os fundos imobiliários não são nenhums papões, somos todos nós, os pequenos aforradores, a segurança social, etc. E com este novo enquadramento perdem um pouco a razão de ser. Mas o fim das isenções nem é o único problema dos fundos, que têm também de lidar com os resgates dos últimos anos, a valorização dos ativos em carteira, etc».
Há também um novo mercado pós crise, não só novo como animado. Se antes da crise os investidores eram muito mais «tradicionais, conservadores», agora há para todos os gostos e, mais importante, com perfis de risco e geografias mais diversificados. «A concorrência é muito maior, e os produtos são também muito diferentes». Há, por exemplo, vários interessados em comprar barato em Portugal, renovar o ativo (não necessariamente envolvendo reabilitação urbana), e vender posteriormente.
O que é certo, é que o ano começa muito positivo para os vários setores, nomeadamente para o retalho, que vê agora um alargamento do dinamismo da procura para localizações secundárias no comércio de rua. O volume de negócios e de vendas vai crescendo, e «o maior otimismo dos operadores é hoje evidente», a par de uma clara recuperação dos centros comerciais e de uma subida generalizada nos valores de mercado.
Nos escritórios, a melhoria sentida em 2014 foi reforçada no ano passado, com 145.000m² transacionados, um valor «normal, já fora da crise». Há uma importante zona emergente, a zona 4, que pode «suprir parte da falta de espaços de qualidade no futuro». O setor de industrial e logística segue tímido, mas muito animado pela procura internacional.
O setor hoteleiro está também visivelmente dinâmico, e tem um importante impacto no retalho. Os proveitos melhoram, apesar de estarem ainda relativamente baixos para o desejável. A atividade imobiliária neste segmento continua, no entanto, tímida.
Já a procura por investimento imobiliário, depois dos recordes de 2015, «não deverá cair. A tendência é estável, mas acompanha a economia».
Foto: C&W