O segmento da habitação multifamiliar para arrendamento, ou o “built to rent”, deverá registar «um crescimento expressivo nos próximos anos», revela o primeiro European Multifamily Housing Report, divulgado pela consultora CBRE.
Este relatório analisou o mercado de investimento residencial em 18 países e 40 cidades europeias, e revela que o mercado está ainda em fase embrionária em Portugal, a par de países como a Bélgica, Itália ou Luxemburgo, mas começa a dar sinais de desenvolvimento. Áustria, Dinamarca, Finlândia, Alemanha, Holanda, Suécia ou Suíça têm mercados mais maduros.
A habitação multifamiliar para arrendamento é hoje em dia uma classe de investimento atrativa, já que se manteve resiliente em tempo de pandemia a nível europeu e mesmo global, e representa hoje uma percentagem cada vez maior no investimento total em imóveis de rendimento. Por outro lado, um conjunto de tendências sociais e demográficas aumentam a procura pelo arrendamento, que já representa 31% das habitações das famílias, comparando com os 26% da última década.
A CBRE contabiliza que são já 9 os projetos de habitação para arrendamento em construção na cidade de Lisboa, num total de 2.450 unidades. No Porto, o crescimento do setor promete ser mais rápido que na capital, «devido ao preço menos elevado dos terrenos», apesar de existirem apenas três projetos em pipeline, num total de 760 casas.
Cristina Arouca, diretora de Research da CBRE, destaca que «a habitação própria tem um peso significativo no nosso país, apesar de o número de casas arrendadas evidenciar um crescimento interessante nos últimos anos, aumentando de 20% do stock em 2011 para 26% em 2019». Mas salienta que «a maioria do parque residencial arrendado é detido por investidores particulares, sendo escasso o número de projetos desenvolvidos propositadamente para arrendamento e com uma gestão profissional. É, por isso, natural que o volume de investimento institucional nesta classe de ativos seja ainda incipiente».
Na perspetiva do investimento, Nuno Nunes, Head of Capital Markets da CBRE, explica que «o elevado preço dos terrenos e a lentidão dos processos de licenciamento têm atrasado o desenvolvimento do mercado residencial. No entanto, temos atualmente conhecimento de três projetos com escala que irão avançar, os quais totalizam 400 apartamentos e o pipeline potencial, em fases diversas de análise ou licenciamento, supera de forma confortável as três mil unidades. Uma vez iniciados estes projetos, acreditamos que surjam investidores institucionais interessados e sejam realizadas algumas operações de forward-purchase ou forward funding», prevê.