Os especialistas foram os protagonistas do webinar “Branded Residences” promovido esta terça-feira pela APR- Associação Portuguesa de Resorts, e que reuniu online mais de 300 participantes. «O mercado das “Branded Residences” apresenta-se com um enorme potencial de desenvolvimento e afirmação em Portugal. A compreensão dos mercados internacionais onde esta classe de produto imobiliário já se encontra implementada, é essencial para entender os market fundamentals, fulcrais para o sucesso em Portugal deste novo conceito, que promete atrair operadores e marcas conceituadas de renome internacional. 2020 foi um ano de adaptações e o setor das “Branded Residences” revelou-se resiliente apesar do incremento da concorrência», explicou Pedro Fontainhas, Diretor Executivo APR..A crescer a três dígitos ao longo da última década, o setor das branded residences vive agora um momento de clara expansão mundial, não só em número de projetos, mas também dando as boas vindas a um novo leque de operadores e de geografias em ascensão. Estas são, aliás, algumas das principais conclusões do estudo internacional Branded Residences, desenvolvido pela Savills e que foi ali apresentado por Riyan Itani, Head of International Development da consultora britânica.«O setor começou na América do Norte, que em 2015 concentrava mais de 50% da oferta existente. Mas isso tem vindo a mudar, e em 2020 os EUA já só representavam 40% do mercado global o tem a ver com a enorme expansão que se tem vindo a registar noutros pontos do mundo, em especial na Ásia-Pacífico, que já concentra 25% de toda a oferta em pipeline, seguido do Médio Oriente, com 20% dos novos empreendimentos em desenvolvimento, e da Europa, onde se localiza 17% da nova oferta em stock; enquanto que a América já só representa 16% deste pipeline».Para já, Espanha e o Reino Unido são os principais destinos europeus para este tipo de projetos, mas o nosso país também já está na mira dos investidores e das marcas que nele operam. «Portugal tem uma grande oportunidade neste mercado das branded residences, devido não só aos fundamentais fortes que exibe e a todas as suas caraterísticas que fazem dele um dos melhores destinos turísticos europeus, mas também porque os poucos empreendimentos que estão planeados para o país encontram-se ainda em fase de planeamento ou desenvolvimento», observou Paula Sequeira, Consultancy Director da Savills Portugal.As vantagens de associar uma marca à componente residencial de um resort são efetivas e estendem-se a todos os stakeholders, garantem estes especialistas. A notoriedade da marca, os critérios de qualidade exigidos e uma gestão profissionalizada assegurada por uma cadeia internacional de renome são os principais argumentos que parecem convencer os compradores, explica Riyan. Para os promotores, o price premium é, porventura, um dos maiores atrativos, garantindo em média a um incremento de 31% nos preços de venda comparativamente à oferta existente no mercado local. Para as marcas, o incremento das receitas asseguradas pelos fees de gestão é uma das principais vantagens.Mercado vai continuar a dispararAo longo da última década, o segmento das branded residences cresceu 170% a nível global, com a Savills a reportar um stock de 590 empreendimentos com 76.000 unidades em 2020. «O ano passado registou outro recorde, com mais de 100 novos empreendimentos lançados e a nossa expetativa é que este mercado continue a crescer rapidamente também em termos geográficos. Da mesma forma, o número de marcas presentes também está a disparar: de 60 operadores em 2010 passámos para 130 em 2020, e prevemos que em 2025 existam cerca de 160 a 175 marcas individuais a operar no mercado».A diversificação dos operadores que entram no mercado das branded residences, é, aliás, uma das grandes tendências observadas. «No início este era um mercado dominado quase exclusivamente por grandes cadeias hoteleiras de luxo, mas este cenário tende a mudar», sublinha Riyan Itani. «Há um número crescente de novas marcas a entrar no mercado», e se por um lado «entre os hoteleiros é evidente a expansão do segmento non-luxury, que já representa 31% do pipeline (vs 23% no stock atualmente em operação)», por outro lado vemos também «uma aposta cada vez maior de marcas que nada têm a ver com hotéis, mas sim com experiências e lifestyle», conta. Nomes bem conhecidos como a Bugati, Ferrari, Roberto Cavalli, NOBU ou Pharrell Williams são apenas alguns dos nomes que já estão a surfar esta onda.Tratam-se de boas notícias para o setor, garante este especialista, sublinhando que «a entrada de novos operadores e esta diversificação está também a permitir abrir grandemente o mercado-alvo, ou seja, fazendo com que as branded-residences se tornem um produto atrativo para um número maior de pessoas, além dos ultra-ricos».Por tudo isto, Ryan Itani não tem dúvidas que «o mercado vai continuar a crescer exponencialmente nos próximos anos, até porque ainda está muito longe de ter atingido o seu potencial máximo» em praticamente todos os destinos.