Esta é uma das conclusões do novo relatório da Cushman & Wakefield, Outlook 2020, um estudo que convida os players do setor a colocar uma série de questões ao invés de pensar apenas em soluções.
O estudo foi apresentado esta semana em Lisboa por Andrew Phipps, Head of EMEA Research da C&W, segundo o qual cada vez mais se coloca a questão «economia versus ambiente». A consciência do impacto humano no planeta é cada vez maior, e «o setor não tem pensado muito nisso». Mas hoje, «é um tema obrigatório, e o desafio para o imobiliário é muito real», alerta Phipps.
E os investidores estão cada vez mais atentos, em particular aqueles que têm maior escala, que começam a seguir «mais regras de investimento» com componente ambiental. Mas ainda assim, «estão ainda muito hesitantes e regem-se pela ocupação». O caminho futuro será aquele em que a componente ambiental terá maior impacto no valor dos investimentos. Por exemplo, um ativo “à prova” de aquecimento global pode ter mais valor. Estarão cada vez mais dispostos a investir em infraestruturas “verdes”.
Em 2020, um dos principais desafios a nível ambiental para o imobiliário será a entrada em vigor de nova legislação. Só na Europa, os vários países terão na calha mais de 1.500 medidas para combater as alterações climáticas relacionadas com o imobiliário, e o número só vai aumentar ao longo da década que agora começa.
2020 arranca com uma economia lenta na Europa, com os indicadores de recessão baixos, como nos últimos tempos. As mudanças são muitas no campo político a nível global, e o mercado está atento a elas. E o impacto da tecnologia, pelo menos ao nível da informação, está ainda para vir: «temos muita “data”, mas ainda não baseamos as grandes decisões nela».
Um dos principais desafios para o mercado vai continuar a ser o acesso à habitação, numa época de crescente urbanização e de mudança da demografia, com uma população europeia cada vez mais envelhecida, o que desafia as tipologias dos ativos ou os sistemas de pensões. Surgem novas tipologias de ativos como o coliving ou cohousing, e os projetos mistos são os que melhor se podem adaptar à mudança.
No fim de contas, para o responsável do estudo, o que parece ser certo é que «a vida continua, e as pessoas adaptam-se». Resta ao setor planear como se adaptar da melhor forma.