Adoção de práticas ESG propicia valorização dos portfólios imobiliários

A APPII - Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários e a ADENE - Agência para a Energia promoveram um Workshop sobre Sustentabilidade. Realizou-se no passado dia 15 de maio, no Hotel Tivoli, em Lisboa. Na abertura da sessão, Hugo Santos Ferreira, Presidente da APPII, destacou a importância das crescentes exigências de sustentabilidade no setor imobiliário, referindo que «o imobiliário é das atividades que tem mais impacto sobre o ambiente; devemos atender a essas necessidades na nossa atividade». Hugo Santos Ferreira salientou que as preocupações ambientais são fundamentais não só pela reputação, como também pela procura dos ocupantes, enfatizando que «hoje tudo o que tem que ver com o ESG passa pela base reputacional, e isso vale muito na nossa atividade. Devemos também ter em conta as exigências dos ocupantes e o seu bem-estar». O presidente da APPII ressaltou a oportunidade de redução dos custos operacionais como um fator chave: «ter custos operacionais reduzidos é uma grande oportunidade». Destacou ainda a valorização do portfólio imobiliário com a conformidade às normas de ESG, indicando que «nas rendas, há majoração de 18% a 25% para quem cumpre as normas de ESG. Por isso, é realmente uma oportunidade de valorização do nosso portfólio imobiliário. É também um monte de desafios, que devem ser encarados como oportunidades». "O grande desafio dos próximos anos é o cumprimento das exigências europeias NZEB e ZEB» Hugo Santos Ferreira apontou os próximos desafios do setor, incluindo o cumprimento das exigências europeias Nzeb e Zeb. Referiu também a entrada em vigor da nova diretiva europeia para o desempenho energético dos edifícios, sublinhando que «o desafio de cumprir estas normas vai ser mais apertado». «Temos também um parque habitacional obsoleto; é um dos com pior desempenho energético. Temos tudo para fazer na área da sustentabilidade», considerou. O responsável mencionou ainda a crescente importância do mercado de green bonds a nível europeu e a iminente relevância da taxonomia, uma vez que o mercado de green bonds a nível europeu «já é uma realidade e será cada vez mais». Ainda na sessão de abertuda, Nelson Lage, presidente da ADENE, afirmou que «esperamos que o novo ciclo político possa dar resposta às necessidades e dinâmicas deste setor»., ressaltando que «vamos também ter três grandes eleições a nível europeu, as três grandes instituições que ditam como funcionamos nos nosso países no âmbito das grandes políticas e diretivas. Prevê-se que mudem radicalmente. Também as eleições nos EUA, podem ter grande impacto na nossa atividade». "A transição é mesmo desafiante; será feita em estreita articulação com o setor" Lage destacou o sucesso do Plano de Poupança de Energia «que foi implementado com a atividade económica; as medidas foram implementadas com sucesso, e acreditamos que é em articulação e negociação do setor que as mudanças devem ser feitas. Adaptando-as à realidade nacional e das empresas. A APPII terá esse papel muito importante». O presidente da Agência para a Energia enfatizou que a sustentabilidade no setor imobiliário «é essencial, devido ao seu impacto no ambiente e na sociedade: consome recursos, gera muitas emissões, e é muito importante que adotemos práticas sustentáveis para reduzir este impacto». Sobre os desafios da nova diretiva, identificou três áreas principais: «relatórios de sustentabilidade colaborativa, dados precisos sobre práticas sustentáveis e integração da sustentabilidade nos processos de negócio». Lage também destacou as oportunidades que surgem desses desafios: «maior transparência, acesso ao financiamento verde e inovação em soluções sustentáveis e tecnologias verdes». «Temos de começar a trabalhar rapidamente nesta transposição», reforçou, acrescentando que «não queremos que aconteça o mesmo que com a última transição, em que quando foi transposta, já estava a ser negociada a nova diretiva. Não podemos, se queremos cumprir com as metas de 2030 e 2050. Temos de agir rapidamente». Implicações e passos para a transposição da diretiva CSRD Tânia Oliveira, da Systemic, abordou as implicações e passos para a transposição da diretiva CSRD, enfatizando que «o reporte vai ser fundamental, é uma exigência e não é uma opção para as empresas abrangidas». Destacou a importância de as empresas se anteciparem às exigências da diretiva, referindo que «quem chegar mais tarde, vai sofrer mais com isso, porque terá de fazer tudo mais depressa e com mais custos». As empresas «terão de demonstrar como é que as suas atividades contribuem para a descarbonização, e essas evidências servem para que possam ser financiadas, nomeadamente através da banca», salientou a representante da Systemic. Tânia explicou que o reporte de sustentabilidade será aplicado a todas as empresas grandes que cumpram critérios específicos, incluindo PME cotadas: «já havia necessidade de reporte de sustentabilidade, mas agora passa a ser aplicada a todas as empresas grandes que cumpram alguns critérios, como volume de negócios acima de 40 milhões de euros ou mais de 250 colaboradores, e não só empresas cotadas ou de interesse público. As PME cotadas passam a estar abrangidas também». A sustentabilidade «deixa de ser um tema tratado à parte, porque passa a ser integrante do negócio da empresas, como qualquer outra área», inferiu Tânia Oliveira, ressaltando que «este é um caminho a ser feito, não é suposto estar tudo perfeito à primeira». Por sua vez, Isabel Santos, da Greenlab, enfatizou a importância do relatório como uma ferramenta de sistematização e organização dos indicadores de sustentabilidade. «Este report ajuda a sistematizar, quase como se fosse uma ajuda a organizar todos estes indicadores, para que possam ter mais relevância no caminho que já vieram a fazer», disse. "A sustentabilidade hoje dá dinheiro" Destacou ainda o papel pioneiro dos sistemas BREEAM, LEED e LEVELS na antecipação das questões de sustentabilidade. Ressaltou que a sustentabilidade pode gerar retorno financeiro, contribuindo para a redução dos custos de financiamento e atraindo investimentos para as empresas. «A sustentabilidade hoje dá dinheiro, através destes sistemas conseguimos reduzir os custos de financiamento de forma transversal a todos os bancos portugueses». Isabel Santos enfatizou a «evolução dos projetos» e a «crescente sensibilidade dos profissionais do setor em relação às práticas sustentáveis». Destacou ainda importância de alinhar os projetos com os sistemas de classificação, enfatizando que essa integração não precisa ser necessariamente mais cara, mas sim uma questão de diferenciação no mercado: «será a diferença entre levantar capital ou não, e não se é mais ou menos caro». A encerrar a sessão, João Carraco, representante da S&P, destacou o compromisso da empresa com a sustentabilidade, ressaltando que realizam relatórios anuais sobre sua atividade nesse âmbito. «Sabemos que temos um contributo a dar com os nossos produtos e soluções para atingir os patamares definidos pela União Europeia, nomeadamente de emissões zero até 2050», frisou. O responsável explicou a importância dos sistemas de ventilação em edifícios com maior isolamento, destacando a necessidade de garantir a renovação do ar interior: «ter mais isolamento da envolvente faz com que tenhamos de ter sistemas de ventilação que garantam a renovação do ar interior». «Um edifício que cumpre os requisitos energéticos permite poupança anual significativa. Com um sistema de recuperação de calor, cerca de 3.000 euros de investimento num apartamento, garante necessidades de aquecimento e arrefecimento praticamente nulas. A poupança energética pode ser de cerca de 500 euros ao ano», referiu João Carraco.

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