Quase dois terços (64,4%) dos proprietários de imóveis inquiridos no Barómetro “Confiança dos Proprietários”, da Associação Lisbonense de Proprietários, afirma não ter confiança na evolução do mercado imobiliário português na segunda metade deste ano.
Segundo este barómetro, o incumprimento dos inquilinos deixou de ser o maior receio dos proprietários, ultrapassado pela possibilidade de aumento da carga fiscal sobre o património.
Quase 40% dos inquiridos afirmam ter rendas em atraso. Destes, 36,5% acumulam perdas entre 3 a 6 meses, e 33,9% entre 2 a 3 meses. 18,3% tem mais de 6 meses de rendas em atraso.
No segundo semestre, 77,3% dos proprietários afirma que vai manter os preços das suas rendas inalterados, e apenas 10% pretende diminuir estes valores. 12% pondera mesmo aumentá-los.
Por outro lado, no que toca à compra e venda de imóveis, 44,9% prevê que se vendam menos imóveis no segundo semestre do ano, com valores estáveis. 33,6% acredita que os investidores estrangeiros vão ser os principais compradores de imóveis em Portugal durante o segundo semestre, e 33,2% considera que os preços vão cair, sobretudo nas áreas do imobiliário comercial.
26,2% dos proprietários afirma que pretende fazer obras de reabilitação urbana na segunda metade deste ano. A eficiência energética é um tema importante para 73,5% dos inquiridos, e 25% vai usar verbas do Fundo Ambiental, da segunda fase do Programa Edifícios Mais Sustentáveis, para fazer obras.
Programas de arrendamento acessível “falham por completo”
De acordo com a ALP, os programas de arrendamento acessível do Governo e das autarquias «falham por completo o objetivo de atrair os privados», já que apenas 2,3% dos senhorios têm imóveis colocados nesses programas, e 91% da amostra afirma não ter confiança nos mesmos, apesar dos incentivos e isenções fiscais.
75% dos proprietários afirmam que o seu principal motivo de desconfiança é a impossibilidade de escolher pessoalmente os inquilinos. 70% indicam o receio de que os benefícios fiscais destes programas e outros termos contratuais «sejam alterados unilateralmente pelo Estado».
Além disso, 40,5% dos proprietários consideram os valores de renda praticados pouco atrativos. 38% aponta a burocracia inerente aos programas.
A ALP destaca que 51,4% dos proprietários inquiridos ainda têm rendas antigas anteriores a 1990, sem benefícios fiscais, com valores muito abaixo dos praticados atualmente.
Diminuir impostos, reformar a justiça e criação de uma base de dados de incumpridores
Para estimular o mercado de arrendamento e melhorar a confiança no Estado, os proprietários pedem três medidas principais, nomeadamente diminuir a carga fiscal sobre a propriedade imobiliária, apontada por 80,9% dos inquiridos, promover uma efetiva reforma da justiça e combater a sua morosidade, e a criação de uma base de dados de inquilinos incumpridores, «que funcione como uma garantia adicional de cumprimento contratual no arrendamento urbano», ambas as propostas com 69% de respostas.