3º trimestre assinala forte dinamismo e procura crescente no mercado ocupacional

3º trimestre assinala forte dinamismo e procura crescente no mercado ocupacional
Fotografia de pressfoto, Freepik.

No seu mais recente relatório “Real Estate Market Overview”, a Savills analisou o desempenho do mercado ocupacional no 3º trimestre de 2024, abrangendo as áreas de escritórios, industrial & logística, retalho e residencial.

De janeiro a setembro, o mercado de escritórios de Lisboa registou uma ocupação total de 168,546 m², apresentando o segundo melhor take-up já registado, apenas superado por 2022. Até ao final do mês de setembro, foram fechadas 130 operações, o que representa um aumento de 16% em comparação com o mesmo período de 2023. O Parque das Nações foi responsável por 32% do take-up deste período, com um total de 19 operações, seguido da Nova Zona de Escritórios (25%) e do Corredor Oeste (14%), com 18 e 34 transações, respetivamente.

O Porto, por sua vez, apresentou um volume total de take-up, de janeiro a setembro de 2024, superior a 58,652 m², refletindo os melhores resultados de sempre. Com este número, o mercado de escritórios do Porto demonstrou um crescimento de 56% em relação a média do volume de absorção de 2019 a 2023. Até ao final de setembro, foram concluídos 55 negócios, o que representa um aumento de 15% em comparação com o mesmo período de 2023. A zona Out of Town, responsável pela maior parte da ocupação deste período, representa 39% do take-up total, com 17 operações, seguida do CBD Boavista (37%) e da CBD Baixa (16%), com 23 e 7 transações, respetivamente.

Relativamente ao volume de take-up por setor de negócios, TMT’s & Utilities registam o maior volume de adesão durante os primeiros 3 trimestres do ano, refletindo 37% do volume final, com 21 transações, seguido dos segmentos de Consultores e Advogados (28%) e Serviços Financeiros (13%).

Frederico Leitão de Sousa, Head of Offices da Savills, sublinha que «a performance do setor de escritórios em 2024 tem-se destacado pelo forte dinamismo do mercado ocupacional que tem mantido uma atividade forte e estável, mostrando-se muito dinâmico e resiliente. Já o mercado de investimento em escritórios, apesar de ter enfrentado desafios desde a pandemia, começa agora a dar sinais claros de recuperação e de um maior interesse por parte dos investidores. A Savills orgulha-se de ter contribuído para este impulso positivo, com a venda de dois relevantes ativos de escritórios ao longo do ano, reforçando a sua posição como parceiro estratégico de confiança neste setor em transformação».

Graça Ribeiro da Cunha, Offices Associate da Savills, aponta que «no Porto, o take-up praticamente duplicou face ao mesmo período de 2023, o que nos oferece boas perspetivas até ao final de 2024 pelo que se espera que o Porto permaneça um destino atrativo para empresas nacionais e internacionais»

No terceiro trimestre deste ano, o mercado residencial registou estabilidade na concessão de empréstimos para compra de habitação, com uma ligeira descida de 38 milhões de euros face a agosto. As taxas de juro caíram pelo 11.º mês consecutivo e espera-se uma nova redução até ao final do ano.

As vendas de casas em Portugal subiram 7% em relação ao trimestre anterior e 16% em termos anuais. Lisboa representou 20,7% das habitações vendidas na Grande Lisboa, e o Porto foi responsável por 27,5% das vendas na Grande Porto. Em Lisboa, os preços de venda aumentaram entre 4,4% e 6,1%, enquanto no Porto o crescimento chegou a 10,6%. No mercado de arrendamento, o Porto registou uma queda de 5% nos contratos, enquanto Lisboa teve uma performance positiva desde o início de 2024, com aumentos anuais nas rendas de até 5,7%.

Ana Jordão, Residential Business Development Director da Savills, comenta que «o mercado em Lisboa demonstra um aumento de contratos face ao ano anterior, com o aumento do nível de confiança dos investidores refletido na venda de 55% dos imóveis em pipeline. No Porto, apesar da ligeira queda nos contratos, o crescimento dos preços ressalta a atratividade da cidade para segmentos médio e alto, sustentando o dinamismo do setor e o interesse dos investidores».

Setor industrial e logístico continua dinâmico 

No 3º trimestre de 2024, o setor industrial e logístico em Portugal continuou dinâmico, com operadores, proprietários e promotores a impulsionar novos projetos. Na Grande Lisboa, o volume de absorção acumulado ao 3º trimestre de 2024 foi de 217.370 m², um aumento de 3% em relação ao período homólogo de 2023, com o mercado logístico a representar 78% da absorção. O desequilíbrio entre oferta e procura é mais visível no eixo Castanheira-Azambuja, sem espaços disponíveis e com uma procura acima de 230.000 m².

Até ao final de setembro de 2024, o Parque Logístico de Benavente, com 90.000 m², foi concluído na Grande Lisboa atingindo de imediato uma ocupação de aproximadamente 90%.

Até ao final do ano, estão previstos mais quatro projetos, com 87% da nova ABL já pré-arrendada, totalizando aproximadamente 200.000 m². Nos próximos dois anos, espera-se a criação de 355.000 m² de nova ABL logística, dos quais 30% já estão reservados por pré-arrendamento e contratos de proprietário-ocupante. A procura logística mantém-se, com uma procura superior a 800.000 m², sendo que o gap de oferta em falta, tendo em conta a ABL total disponível, incluindo pipeline por ocupar, é de aproximadamente 422.000 m², sublinhado a necessidade urgente de promoção de mais projetos logísticos.

Pedro Figueiras, Head of I&L da Savills, destaca que «o mercado de Industrial & Logística nacional demonstrou uma performance impressionante nestes primeiros nove meses do ano, contudo os desafios persistem, com o ritmo de desenvolvimento de novos produtos a não estar alinhado com a procura urgente que exige atenção imediata. Antevemos, até ao final do não, um acelerar da atividade ocupacional que fará com que estejamos muito próximos do recorde histórico de 2021, ou possamos mesmo ultrapassar este marco».

No terceiro trimestre de 2024, o mercado de retalho em Portugal demonstrou resiliência, com um índice de volume de negócios estável em 5,2% em setembro, apesar dos desafios económicos recentes. O índice de confiança do consumidor aumentou, impulsionado pela baixa inflação e estabilidade no emprego, embora tenha registado uma ligeira quebra no final do trimestre.

A procura por espaços de qualidade em áreas prestigiadas de Lisboa e Porto mantém-se elevada; no entanto, a escassez de oferta nas high streets limita o crescimento, especialmente para negócios que dependem do turismo. Os setores mais dinâmicos foram food & beverage, supermercados, ginásios low-cost e moda e acessórios, com especial destaque para as zonas da Baixa-Chiado, em Lisboa, e o centro do Porto.

José Galvão, Head of Retail da Savills, afirma que «nos últimos meses registou-se um ligeiro crescimento no comércio a retalho. A escassez de oferta manterá as rendas estáveis , favorecendo os proprietários e atrasando a entrada de alguns retalhistas no mercado. Em geral, o setor apresenta potencial de crescimento, embora a disponibilidade limitada de espaços esteja a restringir a expansão».