15% dos proprietários de AL passaram para o mercado de arrendamento

15% dos proprietários de AL passaram para o mercado de arrendamento

Porque o turismo foi um dos setores mais afetados pela pandemia de Covid-19, vários proprietários de alojamento local em Lisboa e Porto optaram por transitar os seus ativos para o mercado de arrendamento habitacional. As percentagens rondam os 10% a 15% dos proprietários, segundo a Associação do Alojamento Local em Portugal (ALEP).

Eduardo Miranda avançou ao Expresso que «existe uma parcela de 10% a 15% que abandonou o AL para se dedicar ao arrendamento de longa duração». Muitos destes proprietários terão constatado que o alojamento local «é uma atividade com muitos custos, não é arrendamento tradicional, mas sim uma prestação de serviços», cita o Idealista.

Outros proprietários terão optado por arrendamentos mais prolongados, evitando assim o cancelamento do registo de AL. Assim garantem que não perdem o acesso ao negócio, nomeadamente se o alojamento se situar em áreas de contenção de Lisboa ou Porto, que impedem os novos registos.

Em Lisboa, a quebra nos novos registos em 2020 foi de 78%, com as novas aberturas de AL abaixo dos níveis de 2014. Em 2020, houve 597 cancelamentos de registos de AL e 483 novas aberturas.

A situação é semelhante no Porto, onde se registaram em 2020 675 aberturas de AL e 668 cancelamentos de registos. Nas duas cidades, as quebras na ocupação rondaram os 80% a 85% e na faturação os 85% a 90%.

Mas no interior, o comportamento é o inverso. Eduardo Miranda destacou nesta entrevista o facto de que Bragança, Guarda e Portalegre foram os distritos com maior dinamismo e crescimento da oferta (29,6%, 22,3% e 19,6%, respetivamente).

Mudança de segmento reflete-se nas rendas

Na divulgação dos números mais recentes sobre o arrendamento, Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário, atestou este comportamento e o efeito que teve nos preços dos novos contratos de arrendamento. Em comunicado, comentou que «um dos fatores a influenciar esta descida nas rendas contratadas é o aumento da oferta para arrendamento na cidade». Explicou que «entre início e final do ano, o número de fogos disponíveis para arrendar em Lisboa aumentou 40%, sobretudo refletindo a migração de habitações oriundas do Alojamento Local».

O responsável conclui ainda que «o mercado de arrendamento é um mercado de refúgio para os investidores e estes estão dispostos a assumir uma descida das rendas neste momento, embora não encarem esse comportamento como definitivo e tenham expetativa de que o mercado retorne os níveis anteriores».