Este evento, promovido pela Associação Portuguesa dos Promotores e Investidores Imobiliários e pela Cuatrecasas Gonçalves Pereira, teve lugar esta 5ª feira no Hotel Dom Pedro, em Lisboa. Para a associação, «o programa não pode parar, é demasiado importante», afirmou Henrique Polignac de Barros, presidente da APPII.
Para Hao Shen, da Noble Fortune e um dos oradores do evento, que trabalha essencialmente com investidores chineses no âmbito deste programa, é necessário «juntar forças para melhorar este programa neste ano novo», tendo em conta a «mudança da composição dos investidores chineses». Este responsável explicou que, se no início da entrada em vigor do programa investiam mais investidores com mais capital e mais urgência na compra, agora «são investidores com menos dinheiro e menos urgência em comprar. Estudam o estado do investimento, as yields, os preços por metro quadrado, o futuro da zona, etc. Já não são só os ricos a investir».
Por outro lado, explicou que «mudou também onde se investe. Antes queriam coisas muito bonitas, ligavam mais à estética e à paisagem, prestígio. Agora, como há mais incerteza e mais cuidado com o seu dinheiro, voltam-se para o centro de Lisboa, o que não é muito bom para o mercado por causa da escassez de produto». E acrescenta: «como se investe também mudou: eram muitos particulares, e agora juntam-se muitos para constituir sociedades, e investir com valores mais altos. É uma oportunidade para aproveitar menos clientes, mas maiores».
Hao Shen finalizou deixando um alerta: «é preciso resolver a pouca quantidade de clientes finais» destes produtos. «É necessário atrair outras nacionalidades para podermos reconstruir a cidade e ter mais oportunidades de negócio».
«É imperativo» promover o programa internamente
Segundo Hugo Santos Ferreira, secretário geral da associação que participou também na abertura do evento, «este regime é importante pelo seu efeito de contágio no setor privado, que se pode também alastrar ao Estado». O responsável destacou também o caso do turismo residencial, bastante alavancado por este programa nos últimos anos, a par do próprio turismo em si.
«Há vontade do governo e de todos para regularizar os processos, e é imperativo regressar aos valores de 2014», depois de um ano de 2015 excecionalmente fraco devido aos atrasos burocráticos de concessão de vistos decorrentes das alterações ao regime. «Temos de saber porque é que há cerca de 4.000 cidadãos à espera de visto. É a credibilidade do país que está em causa», completou, acrescentando que «o nome nunca ajudou o programa, sempre sugerimos que se chamassem “ARIs”, que é o que são estes vistos».
«Este programa é muito conhecido lá fora, e temos agora necessidade de promover o regime internamente. Não podemos defraudar as expetativas dos investidores», concluiu Hugo Santos Ferreira.
Neste contexto, este workshop focou-se essencialmente no regime dos “golden visa” na perspetiva do imobiliário, nos modelos de negócio a construir e na sua adaptação à reabilitação urbana que, relembrou Henrique Polignac de Barros, «se o Governo englobou a reabilitação no programa, isto deve-se à APPII, que fez esse pedido ao executivo».
No total, o evento recebeu 180 participantes, que assistiram às intervenções de Hao Shen, da Noble Fortune, Vasco Bivar de Azevedo e Nuno Sá Carvalho, ambos da Cuatrecasas Gonçalves Pereira. Vasco Bivar de Azevedo focou a sua apresentação na explicação destas autorizações de residência e na sua atribuição através do investimento em reabilitação urbana. Uma vez que as definições de reabilitação estão sujeitas ao Regime Jurídico da Reabilitação Urbana, Nuno Sá Carvalho focou-se na explicação destes mesmos conceitos, já que «o regime de investimentos devia ser suficientemente claro, mas carece de explicações adicionais. Por exemplo, há dificuldade em explicar ao investidor o que é exactamente reabilitação urbana, pois no Regime Jurídico da Reabilitação Urbana não há uma explicação clara».