A resiliência do mercado imobiliário ficou bem patente na IV Iberian Reit & Listed Conference, organizada pela Iberian Property e pela EPRA esta segunda-feira, dia 28 de março, em Madrid. A Ibéria mostra que continua a ser atrativa para os investidores.
Os principais stakeholders do setor imobiliário presentes no evento destacaram o bom comportamento do mercado, apesar da pandemia, mas não deixaram de salientar também o atual contexto de instabilidade devido à invasão da Ucrânia. O efeito que terá no mercado e na economia vai depender da duração do conflito. Somam-se as subidas da inflação ou dos preços da energia.
Para António Gil Machado, diretor da Iberian Property, este tipo de encontros é importante para manter o setor imobiliário na vanguarda. Dominique Moerenhout, CEO da EPRA, destacou a recuperação de todos os segmentos de mercado para níveis pré-pandémicos: «a reestruturação da dívida do setor foi muito positiva, e contribuiu para melhorar a situação».
Esteve em destaque neste debate a rota de recuperação depois da pandemia e como este evento afetou as empresas cotadas, de que é exemplo a Merlin Properties. Ismael Clemente, CEO da SOCIMI, comentou que «continuamos a acreditar que 2022 vai ser positivo, mas se a guerra na Ucrânia se prolongar, vai afetar-nos, e talvez o maior crescimento que esperamos se atrase para 2023 ou 2024». Considera que «as perspetivas para o ano são boas, com grandes níveis de rentabilidade no retalho».
Por seu turno, Pere Viñolas, Ceo da Colonial, que em abril se tornará no novo presidente da EPRA, salientou que «o setor manteve a sua posição, apesar da pandemia. O teletrabalho também abre muitas possibilidades às empresas imobiliárias», e alertou para o que pode acontecer ao mercado do arrendamento, «se continuar uma inflação tão alta e crescente como a atual».
Miguel Pereda, vice-presidente da Lar España, concorda que «as vendas do retalho são já superiores a 2019», e que «o maior impacto da pandemia sentiu-se nos centros comerciais, e o nosso objetivo agora é que as pessoas regressem aos espaços com segurança». Lembrando que «a energia representa 16% dos gastos de um centro comercial, e se duplicar, os gastos vão subir na mesma proporção», apesar de dar nota de um impacto ainda limitado desta componente.
David Martínez, CEO da Aedas, destacou no encontro que «a Covid-19 afetou a procura ao início, mas em cerca de dois meses recuperou e voltou a subir, por exemplo na habitação de segmento alto. Preocupa-nos se a inflação se mantiver ou crescer». E lembra que «o arrendamento é uma boa alternativa, sobretudo agora que as autarquias perceberam que devem colocar mais terrenos no mercado».
Participando também no debate, Benjamín Lopez, diretor do mercado de capitais do BNP Paribas, destacou que «a recuperação foi muito marcada em quase todos os setores em 2021, e em 2022 deverá ser melhor. O imobiliário vai continuar a ser um refúgio numa situação de incerteza energética global».
A sustentabilidade é hoje uma das principais preocupações, e o imobiliário é um dos setores com maior potencial de redução das emissões de carbono. Ficou claro que aumentar a eficiência energética é imperativo, e os especialistas destacaram que, apesar de a adaptação às medidas de ESG suporem um custo adicional para as empresas, representarão uma maior rentabilidade dos ativos no futuro.