João Nuno Magalhães, diretor geral da Predibisa, comenta que «neste momento, o Porto já não tem espaços de escritórios para arrendar», referiu em debate durante uma conferência organizada pela PwC para apresentação do relatório “Emerging Trends in Real Estate® Europe 2016 – Beyond the Capital”, que decorreu a 15 de março, no Hotel Porto Palácio. Segundo o responsável, «o mercado nortenho é apetecível, mas com valores de renda baixos, faltam promotores com interesse para investir».
Este estudo, elaborado pela PwC em conjunto com a Uli, nota que «alguns dos principais investidores acreditam que Portugal exige um olhar mais atento», num contexto em que Lisboa é o 7º destino de investimento no ranking das 28 cidades europeias mais atrativas para investimento imobiliário.
Na mesma mesa redonda de debate, participaram, além de João nuno Magalhães, Armando Lacerda Queiroz, diretor geral da Imorendimento, e Rui d’Ávila, administrador da GFH e o moderador Francisco Rocha Antunes, diretor geral da FRICS, Capital Urbano. O tema da discussão foi, precisamente, o facto de o Porto estar “na moda”. Para o responsável da Predibisa, «há efetivamente uma procura que excede a oferta em grande parte desses setores no Porto», referindo-se a residências para estudantes, escritórios, habitação ou instalações logísticas, entre outras.
E explica que «existem terrenos no Porto para construção de novos escritórios. No entanto, não há financiamento por parte da banca e, por isso, os promotores não têm a coragem de levantar novos edifícios sem a certeza da sua colocação imediata no mercado de arrendamentos». E, no seu entender, «o mesmo acontece com a habitação – há empreendimentos na Foz, com mais de 25 anos, a serem comercializados a preços muito elevados, porque a procura excede largamente a oferta».
Baixa espera transformação significativa
As coisas já estão a mudar na baixa da cidade, e é esperada pelo setor uma transformação significativa a nível do retalho, que vai tendo mais capacidade de atração de grandes marcas, bem como a nível da habitação.
No entender de João Nuno Magalhães há várias marcas internacionais com interesse em estar presentes no Porto, mas ainda não entraram na cidade pois outras insígnias ainda não o fizeram, o que pode mudar com a recente venda do edifício d’O Comércio do Porto, na Avenida dos Aliados, que acolhia anteriormente o Banif.
Do lado da habitação, já se investe em fogos superiores a T0 e T1, pois «a elevada procura por apartamentos na Baixa do Porto está a convencer os promotores a investir em tipologias superiores. Acredito que, em alguns anos, será possível povoar esta zona do Porto com famílias», concluiu o responsável.
Porto cada vez mais no mapa
A Invicta está, de facto, cada vez mais no radar de quem investe, muito em parte devido ao dinamismo permitido pelo turismo e pela reabilitação urbana. Os destaques na imprensa internacional não são poucos, e vão, normalmente, para o charme da cidade e para o potencial que tem para ser descoberto.
Recentemente, foi o aeroporto Francisco Sá Carneiro a ser distinguido pelo Airports Council International como o 3º melhor aeroporto europeu em 2015, um anúncio feito pela ANA, ficando empatado com Dublin, Praga, Zurique e Malta. Em 2015, a infraestrutura ultrapassou a marca dos 8 milhões de passageiros, crescendo mais de 16% face a 2014.
No mercado do retalho, a cidade tem vindo a despertar mais interesse, particularmente no que concerne o comércio de rua, estando já entre as cidades europeias mais ponderadas na entrada de novas marcas. A Rua de Santa Catarina, por exemplo, tem já uma posição consolidada no comércio de rua da cidade. Nos últimos anos, têm acompanhado esta artéria também a zona dos Clérigos e o Quarteirão das cardosas, ou o eixo Mouzinho-flores, todas zonas recentemente reabilitadas na cidade.
Segundo um estudo recente da CBRE, estrearam-se no Porto no final de 2015 marcas como a Ecco, a X-TREME, a Pedra Dura e a Sportino, em Santa Catarina, ou a Scalpers, na zona dos Clérigos. Este verão, será de salientar a já anunciada abertura do Hard Rock Café, entre a Rua do Almada e a Rua da Fábrica, perto da Avenida dos Aliados. Este é o 2º espaço da marca em Portugal, e vai ocupar um edifício de 6 pisos completamente remodelado.
«De facto, não só o número de visitantes na cidade cresce significativamente – 2015 foi o melhor ano de turismo no Porto –, como a oferta de espaços que tem sido gerada resulta, em boa parte, da reabilitação de edifícios para uso turístico», afirma Carlos Récio, Diretor para o Retalho na CBRE.
No Porto, em 2015, as rendas registaram um aumento significativo de 17% face ao ano anterior, uma tendência que deverá ser para seguir este ano.