Está neste momento em fase de negociação uma carteira de investimento imobiliário comercial a rondar os 2.700 milhões de euros, um pipeline volumoso que poderá até ser o maior de sempre, mas uma fase de descoberta de preços coloca mais algumas incertezas quanto à data de fecho destes negócios.A informação foi dada por Paulo Sarmento, Head of Transactional Services da Cushman & Wakefield, que falava durante a apresentação do Marketbeat Primavera 2023 da consultora, esta semana, um relatório que vai na sua 40ª edição e que destaca as principais tendências do mercado imobiliário. Segundo o responsável, nesta fase em que oferta e procura se estão a ajustar, operações de 1.300 milhões de euros, em que o vendedor tem intenções de venda assumidas, estão neste momento em suspenso.Por um lado, vários grandes investidores estão em fase de wait and see, nomeadamente devido às incertezas dos seus próprios mercados domésticos, como em relação ao gás, na Alemanha, ou à economia, no Reino Unido, o que os faz estar mais cautelosos. Outros, que precisam de financiamento, estão atentos à evolução das taxas de juro. Por outro lado, os private equity portugueses mantêm-se muito ativos no mercado que conhecem bem, segundo a consultora, principalmente os que não precisam de financiamento.Eric van Leuven, Diretor Geral da consultora em Portugal, resume que, este ano, «o cenário económico que se vive na Europa, a que o mercado português não será imune, irá fazer com que a atividade esteja mais contida». E prevê que «temas como a habitação continuarão a gerar discussão ao longo do ano, uma vez que as medidas anunciadas dificilmente serão suficientes para colmatar a falta de oferta de habitação».Hotéis, escritórios e retalho vão atrair maior parte do investimentoDe acordo com as previsões da Cushman & Wakefield, este ano os segmentos de escritórios e retalho serão os mais atrativos para o investimento imobiliário. O mercado ocupacional evidenciou um ano recorde em Lisboa, e os promotores estão a posicionar-se para responder à falta de escritórios modernos, em consonância com as exigências atuais, numa altura em que a workplace strategy é fundamental nos novos investimentos das empresas, a par dos critérios de sustentabilidade e de ESGJá os retalhistas continuam a criar novos conceitos e experiências centrados na satisfação do consumidor. Cresce sobretudo a procura por retail parks, que já representaram a maior parte da área inaugurada no ano passado, enquanto que o comércio de rua representa o maior número de aberturas. Lojas mais sustentáveis e discounters vão continuar a abrir no nosso país, estão na moda em clima de maior incerteza económica.Por outro lado, a hotelaria continuará a ser impulsionada «pelo excelente desempenho do turismo, e irá continuar em expansão». No ano passado abriram 51 novos hotéis, e outros 130 estão em pipeline para abrir nos próximos 3 anos, com os segmentos low-cost e premium a apresentarem-se como os mais resilientes no contexto atual.No que toca ao industrial & logística, depois de um ano muito dinâmico, muito do que está a ser construído é ocupado ainda em fase de construção, e assim deverá continuar. O online está a impulsionar o mercado, e sobe a pressão na logística urbana ou last mile, que apresenta pouca oferta. Deverá continuar uma tendência de nearshoring e de procura de armazéns, com Portugal concorrencialmente bem posicionado também para o setor de data centres.