Quem o diz é Luis Lázaro, da Merlin Properties, convidado do mais recente Almoço Conferência Vida Imobiliária, sob o mote "Os centros comerciais face ao desafio digital", que decorreu esta sexta-feira em Lisboa, no Intercontinental Lisbon. Segundo o responsável, «temos de investir nos centros comerciais, melhorando a acessibilidade, a experiência, ou mudando o tenant mix».
A empresa, que pretende «ser um dos maiores investidores em centros comerciais» e que adquiriu recentemente o Almada Forum por 406,7 mmilhões de euros à Blackstone, tem mais de 600.000 m² sob gestão na Península Ibérica. Está a apostar numa maior comunicação online e na implementação do digital nos centros, no aumento dos serviços, melhorar os acessos, no tracking do cliente, na criação de novas incubadoras de empresas, «transformando os shoppings num centro de socialização». «Levar empresas como a Amazon aos centros comerciais» é também uma das novas apostas, através da instalação de pontos de recolha, por exemplo.
Mas a restauração e o segmento F&B é mesmo «o principal esperado pelos consumidores». Mais e nova oferta. Mónica Pinto Coelho, da CBRE, também oradora deste encontro, acredita que «os foodcourts devem passar a ser destinos por si só», e a oferta de restauração pode estar também presente através de quiosques ou roulottes, por exemplo. E reforça «a importância das áreas de restauração enquanto ponto de socialização».
Para esta especialista, o online «é, sim, uma ameaça aos centros comerciais», que «vão continuar a existir, mas transformados», numa altura em que «o omnicanal é a chave», além do conteúdo ou das experiências nos centros.
Repensar o percurso dos visitantes, definir pontos de contacto com os mesmos, criar zonas de trabalho ou pop up markets fazem parte de algumas das medidas nas quais os centros devem apostar, criando uma experiência “taylor made”. «A big data já nos permite conhecer muito melhor o consumidor, e os centros comerciais devem a proveitar isso». Além disso, refere Mónica Pinto Coelho, «os budgets têm de ser maiores no online que no offline».
Retalho e logística cada vez mais ligados
Para Luis Lázaro, «cada vez mais há uma relação entre o retalho e a logística», com o crescimento do ecommerce.
Explica que muitas vezes os clientes da socimi «são os mesmos do retalho e da logística», e por isso a empresa começa a pensar em como pode juntar as duas componentes.
Estes clientes «pedem cada vez mais espaço de armazém nos centros comerciais», e a Merlin está atenta ao fenómeno. Luis Lázaro acredita que, no futuro, «provavelmente não teremos tanto parque de estacionamento» em detrimento de armazéns, exemplifica. São «novas necessidades do retalho».