De acordo com os números divulgados pela CBRE, no primeiro semestre deste ano foram investidos 530 milhões de euros em imobiliário de rendimento, o que «representa uma redução da atividade apenas comparável com 2014 e os anos anteriores à crise económica e financeira».
Embora o segundo trimestre tenha registado um volume de investimento de 330 milhões de euros, o que se traduz num crescimento de 65% face ao trimestre anterior, «verificou-se uma quebra de 70% relativamente ao semestre homólogo de 2021, quando se tinha registado o melhor primeiro trimestre de sempre».
Do total investido durante a primeira metade do ano, 40% foi canalizado para ativos de escritórios (210 milhões de euros), 31% para imóveis residenciais de arrendamento (165 milhões de euros) e 14% para retalho (75 milhões de euros).
Projeções animadoras para o segundo semestre de 2021
O impacto da pandemia fez-se sentir em vários segmentos, nomeadamente, nos escritórios, em que o confinamento e a manutenção da obrigatoriedade do teletrabalho resultou na suspensão dos planos de expansão da maioria das empresas.
Desta forma, durante o primeiro semestre foram colocados apenas 55.000 m² , em Lisboa, e 13.000 m² , no Porto, refletindo quebras de 34% e de 50%, respetivamente, face ao período homólogo.
Contudo, a perspetiva para o segundo semestre do ano é bastante animadora, com a CBRE a projetar que o ano termine com uma ocupação bruta entre 120.000 e 130.000 m² em Lisboa e de 40.000 m² no Porto.
Com uma evolução fracamente positiva, «o setor da logística verifica níveis de atividade recorde», destaca a CBRE. A consultora registou um total de 227.000 m² de espaços logísticos contratados ao longo do primeiro semestre do ano, um valor quase equiparado aos 239.000 m² ocupados na totalidade do ano 2020. A escassez de espaços para arrendamento neste setor reflete-se no peso de 65% de área total ocupada em espaços desenvolvidos à medida ou ainda em construção (pré-arrendamentos).
No segundo semestre poderão ser ocupados mais 200.000 m² , aos quais podem ainda acrescer outros 600.000 m² , caso se concretize a operação anunciada pela Mercadona (400.000 m² ) e outras duas operações de concentração de cadeias retalhistas, em negociação para a zona da Azambuja.
A forte dinâmica do setor traduz-se numa pressão sobre as rendas, as quais registaram um aumento de 7%, face ao final do ano anterior, para 4€/ m² /mês, na zona do Carregado-Azambuja, o eixo privilegiado de logística de grande dimensão; e um aumento exponencial de 30%, para 5,5€/ m² /mês, no eixo envolvente a Lisboa/CRIL para onde se concentra a procura de logística de última milha.
No retalho, a CBRE destaca «uma gradual atenuação da quebra dos principais indicadores de desempenho despoletada pela pandemia e pelos sucessivos confinamentos». Aponta uma recuperação mais rápida do que a verificada no ano passado, após o primeiro confinamento, revelando uma retoma na confiança dos consumidores.
No período de janeiro a maio, a CBRE registou, nos 16 centros comerciais e retail parks que gere, uma redução acumulada de 19% no número de visitantes e de 18% no volume de vendas.
Volume total de investimento em 2021 entre 1.700 e 2.700 milhões de euros
A CBRE projeta uma segunda metade do ano bastante mais dinâmica, em função dos negócios em curso, cujos mais relevantes em termos de valor envolvem as classes de ativos associadas a camas – tais como hotéis, habitação e até mesmo algumas unidades de saúde, existindo ainda diversos edifícios de escritórios em negociação.
A consultora prevê um volume de investimento adicional que poderá atingir os 2.200 milhões de euros, o qual inclui uma transação que per si representa cerca de mil milhões de euros. No entanto, devido à sua dimensão e complexidade, esta poderá derrapar para 2022, impactando fortemente os resultados de 2021. Desta forma, a previsão da CBRE aponta para um intervalo de volume total de investimento em 2021 entre 1.700 e 2.700 milhões de euros.
Sublinhar que a CBRE conclui o primeiro semestre de 2021 na liderança do mercado de investimento, ao participar em 50% das transações realizadas, às quais corresponde 71% do volume total de investimento.
«Apesar do volume de investimento no primeiro semestre apresentar uma redução face ao período homólogo, é com grande satisfação que comunicamos a nossa liderança de mercado», refere Francisco Horta e Costa, Diretor-Geral da CBRE Portugal, em comunicado. «Esta liderança vem evidenciar que em períodos marcados por alguma incerteza e retração, os clientes continuam a confiar na capacidade de aconselhamento da CBRE», acrescenta. Para o segundo semestre, e a acompanhar a recuperação do investimento, a consultora prevê estar envolvida em 90% do volume de investimento estimado.