A CBRE apresentou o Real Estate Market Outlook, esta quinta-feira, num encontro realizado no Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa. Na sua apresentação de balanço de 2022 e perspetivas para 2023, a consultora demonstra um «sentimento de otimismo para 2023», refere Cristina Arouca, Head of Research da CBRE Portugal, acrescentando que «a base que partimos é excecional: nunca se vendaram tantas casas na última década como em 2022».Em 2022, a consultora atesta que o investimento imobiliário comercial, em Portugal, atingiu a marca dos 3.300 milhões de euros. Para além de estar 55% acima do ano anterior, este valor traduz-se no 3º melhor ano de sempre, no que respeita a investimento imobiliário comercial.Apesar da conjuntura económica que atravessamos, com o aumento da inflação e a subida das taxas de juro, o montante esperado em negócios que poderão ser transacionados em 2023, deverá rondar os 3.100 milhões de euros. Esta previsão tem em conta negócios em curso e outros que irão ser colocados no mercado em breve.Para 2023, Nuno Nunes, Head of Capital Market, conta que «em Portugal, vamos voltar a ter uma performance, dentro do contexto europeu, extremamente positiva, podendo ter o 3º maior crescimento na zona euro». 2023 poderá não atingir os máximos históricos alcançados em 2022, porém não ficará muito distante desses valores.Conforme inquérito que a CBRE aplicou a investidores em 2022, estes apontam como principais desafios para este ano, fatores como a disponibilidade e condições de crédito, possível recessão, desfasamento de expetativas entre comprador e vendedor e instabilidade do contexto geopolítico.A «boa notícia» é que 53% dos investidores inquiridos disseram que «planeiam investir mais do que no ano anterior», conta Nuno Nunes. Já quanto «à melhor notícia de todas», o responsável adianta que «Lisboa foi apontada como a 6ª cidade mais atrativa para investir na Europa, isto nunca tinha acontecido».Em cada uma das classes de ativos, o que de facto sustenta esta «nossa confiança no mercado?», questiona Cristina Arouca, Head of Research da CBRE Portugal. O que de facto sustenta esta dinâmica do investimento? Foram assim apresentados os resultados e perspetivas para cada um dos setores.Mantém-se a resiliência do setor de escritórios2022 veio comprovar, definitivamente, que os escritórios têm grande procura. Em termos de ocupação, o ano passado foi o melhor ano de sempre e, 2023, vai «continuar a ser um bom ano», afirma Nuno Nunes. De sublinhar a grande procura internacional, as novas formas de trabalho, os espaços flexíveis, um «mercado que funciona extremamente bem em Portugal», acrescenta o responsável.Em Lisboa, somente o arranque de novos projetos poderá consolidar o nível de ocupação nos 200.000 metros quadrados, em 2023. No Porto, a oferta nova deverá continuar a acompanhar a procura, prevendo a CBRE cerca de 60.000 metros quadrados de área ocupada. Nuno Nunes sublinha que as empresas vão procurar, cada vez mais, espaços alinhados com as normas ESG.Em termos de investimento no setor hoteleiro, a consultora prevê a abertura de 14 novos hotéis em Lisboa e de 16 no Porto. De referir que o Algarve ainda não recuperou o nível de dormidas do pré-pandemia, mas a CBRE verificou que houve um acréscimo significativo do RevPAR na ordem dos 20%. Prevemos que se continue a fazer a aposta no «mais preço, mais qualidade», indica Cristina Arouca, acrescentando que «vai continuar a haver esta vontade de continuar a viajar, bastante alavancada no pós-pandemia».Logística está a conhecer uma verdadeira evoluçãoA logística vai estar em foco este ano. Em 2022, foram colocados 400.000 metros quadrados em Portugal. A «grande incerteza é onde colocar essa procura», refere Cristina Arouca. A promoção intensifica e expande para fora de Lisboa: os operadores estão a procurar por terrenos fora de Lisboa e Porto. Cidades como Santo Tirso, Trofa, Grândola e Santarém já não são estranhas para a maior parte dos operadores e investidores.No que toca à tendência de reshoring, «Portugal é claramente um vencedor líquido: esta tendência tem levado também ao aumento das necessidades e da procura por novos espaços», assinala Nuno Nunes.Retalho, um dos setores preferidos para investirO ano vai ser marcado pelas restrições no consumo, de acordo a análise da consultora. Não obstante, em termos de investimento, o retalho vai continuar a ser um dos setores preferidos, por conta da segurança que é dada pelos inquilinos e pela duração dos contratos.De destacar os retail parks, um formato resiliente durante a pandemia: em 2022, foram concluídos 4 novos retail parks e estão mais 10 projetos «na calha» (uns em fase de construção, outros em fase de licenciamento), indica Cristina Arouca.Mercado de arrendamento a crescerO mercado de arrendamento, em Portugal, «está a crescer, não só no número de novos contratos, mas também no valor das rendas. Esta tendência vai continuar», assinala Nuno Nunes. O responsável sustenta ainda que «com os programas de renda acessível e com o PRR, 2023 pode ser o ano em que a equação da construção para arrendamento começa a funcionar».Todavia, de acordo com as previsões da consultora, não será este ano que os preços das casas vão baixar. Em 2022, a CBRE indica que foram vendidas 170 mil casas. Para 2023, a consultora prevê uma estagnação nas vendas e os preços continuarão a aumentar, adianta Cristina Arouca.