O valor foi avançado por Fernando Ferreira, head of Capital Markets da JLL Portugal, no âmbito de um encontro promovido pela consultora com a imprensa, no qual foram avançadas aquelas que são, na opinião dos seus especialistas, as linhas gerais que vão marcar o imobiliário português em 2020.
Depois de ano que agora findou terem sido transacionados 3.240 milhões de euros, e atendendo ao já elevado pipeline de operações em negociação, «estimamos que em 2020 o volume de investimento imobiliário não fique abaixo dos 2.500 milhões de euros», avançou aquele responsável. «Mas, para isso será necessário que continuem a ser transacionados quer portfólios quer ativos de grande dimensão», realçou.
Segundo os dados da JLL, em 2020 os ativos Alternativos, que incluem entre outros as residências de estudantes, foram uma das estrelas em ascensão no nosso país, conquistando 18% do investimento. Uma tendência alinhada com a realidade que se passa lá fora, contrariamente ao que se observa no caso do retalho que, apesar de internacionalmente estar a perder terreno no que respeita às quotas de investimento captadas, por cá continuou a liderar em 2019, com uma fatia de 29%, notou, por seu turno, a diretora de research, Maria Empis. Ainda assim, o gap relativamente aos escritórios continuou a encolher, com estes últimos a garantir 27% do investimento do ano, ao mesmo tempo que os hotéis continuaram a conquistar terreno, com 17% do total, o equivalente a 550 milhões de euros garantidos pela transação de 11 ativos, acrescentou Karina Simões, head of Hotels & Hospitality.
Os hotéis deverão ser, aliás, uma das classes de ativos que mais poderá ver o seu peso relativo a aumentar em 2020, consideram estes responsáveis. Até porque, a procura por estes imóveis não pára de aumentar, levando a uma compressão de yields e a uma maior dispersão geográfica do foco da procura. «Esta procura está a ser conduzida essencialmente por investidores estrangeiros que, face ao aumento da concorrência por ativos em Lisboa e Porto e ao crescimento da atividade turística a nível nacional, estão agora a começar a olhar para outras regiões do país, nomeadamente os mercados hoteleiros mais maduros, como o Algarve, e para as cidades secundárias», cometa Karina Simões. Tanto que, sublinha, «o Algarve é neste momento a região hoteleira com mais ativos a serem transacionados e na mira dos investidores».
Todo este cenário tem feito com que «as yields continuem a comprimir, estando agora em mínimos históricos em praticamente todos os segmentos», diz Maria Empis, realçando que «isto comprova que os investidores olham para o investimento em Portugal como sendo uma opção cada vez menos arriscada».
Quando aos próximos meses, Fernando Ferreira, considera que vamos assistir «a uma aposta muito grande dos investidores no Porto», que receberá players com perfis de risco cada vez mais diversificados, do value-add a core+ e, passo a passo, também a investidores muito core, como seguradoras. Da mesma forma, «os alternativos continuarão na ordem do dia para os investidores», considera esta responsável, concluindo que «estamos muito otimistas quanto ao que nos reserva este mercado nos próximos anos».