As contas são da Cushman & Wakefield, que até 31 de dezembro contabiliza 2.750 milhões de euros investidos, estando ainda por apurar o volume total incluindo as últimas operações do ano.
Este valor situa-se em linha com o investido no ano de 2018, que também rondou os 3.000 milhões, em «mais um ano excecional, depois dos recordes de 2018», comenta Eric van Leuven, diretor geral da consultora em Portugal. Assim como noutros mercados europeus, o volume de investimento foi apenas limitado pela quantidade de ativos disponíveis para transação, e não pelo apetite dos investidores.
Neste ano muito ativo, destaca-se o investimento em portfólios de ativos, que representaram 53% do capital investido – um total de 1.450 milhões de euros distribuídos por 17 negócios.
Foi o setor dos escritórios que liderou o investimento comercial, com 36% do total investido, cerca de 990 milhões de euros. Entre as operações mais relevantes estão a compra do FPM 41 pelo Deka ou do portfólio Art’s Business Centre e Torre Fernão de Magalhães pela Merlin.
O retalho segue de perto, com 35% do capital investido e 970 milhões de euros (percentagens muito próximas que podem ainda variar com o apuramento das últimas transações do ano). De salientar a compra do AlgarveShopping e do Albufeira Retail Park pela Frey, por 179 milhões, ou do RioSul Shopping, 8ª Avenida e LoureShopping por 170 milhões de euros.
Mas a maior transação do ano foi protagonizada pela hotelaria, nomeadamente a venda do portfólio Tivoli pela Minor à Invesco por 313 milhões de euros. Destaque ainda para a compra de 8 residências de estudantes por parte da Xior, num total de 160 milhões de euros.
Já o capital estrangeiro representou a maior parte do investimento, com destaque para os investidores alemães, que representaram 32% de todo o investimento estrangeiro, num total de 680 milhões de euros. Seguem-se os americanos, com 300 milhões, e os espanhóis, com 294 milhões de euros investidos. Destaque ainda para o aumento homólogo de 135% da representatividade dos investidores portugueses, que somaram os 600 milhões de euros.
2020 “moderadamente otimista”
O ano arranca com boas perspetivas, «moderadamente otimistas», na opinião da Cushman & Wakefield, «muito devido à atual conjuntura internacional e à manutenção das baixas taxas de juro».
Certo é que «vai manter-se a atratividade do mercado e a escassez de produto adequado», e por isso estima-se que o volume de 2020 seja também ele próximo dos 3.000 milhões de euros, em linha com os anos anteriores. Só a C&W tem conhecimento de um volume de cerca de 2.000 milhões de euros atualmente em distintas fases de negociação.
A economia partilhada continuará a impulsionar o surgimento de novos conceitos habitacionais ou de escritórios, e será marcante a presença das grandes seguradoras, «um sinal muito positivo dessas casas internacionais», comenta Eric van Leuven.
E alerta ainda que a estabilidade legislativa será determinante para a boa performance do mercado de investimento.