O volume de investimento no setor imobiliário deverá aumentar cerca de 8% em 2025, para um total que irá fixar-se na ordem dos 2,5 mil milhões de euros, o que representa um aumento face ao registado no ano anterior (2,3 mil milhões).
As mais recentes previsões da CBRE, reveladas na conferência “Portugal Real Estate Market Outlook”, antecipam que o setor hoteleiro e de retalho, pelo terceiro ano consecutivo, continuarão a marcar as principais áreas de investimento no ano de 2025, embora haja uma grande expectativa no setor logístico e industrial, que beneficiará da crescente tendência de nearshoring industrial e das suas implicações logísticas.
Nos mercados ocupacionais, espera-se uma intensificação da atividade ao longo do ano. Já no setor de escritórios, a procura por edifícios de alta qualidade deverá impulsionar o aumento das rendas prime.
«Portugal mantém-se como um destino estratégico para o investimento imobiliário com um desempenho sólido. Esperamos um ano alinhado com 2024, com desafios claros, nomeadamente no que à sustentabilidade diz respeito: deixou de ser opcional e tornou-se central para a competitividade dos ativos. Em 2025, a capacidade de adaptação será crucial para aproveitar as oportunidades que o mercado continua a oferecer», afirma Francisco Horta e Costa, Diretor-Geral da CBRE Portugal.
“Portugal é um exemplo de inovação”
«A Europa do Sul está a atravessar um momento de destaque, com Portugal, em particular, a afirmar-se como um exemplo de inovação. Enfrentamos uma década cheia de desafios. Vamos ver como vamos viver esta revolução do common sense que Donald Trump mencionou», disse Alexandra Abreu Loureiro, Head of Portugal da Brunswick, na sua apresentação. Já Jos Tromp, Global Head of Data Intelligence da CBRE EMEA, deu uma perspetiva de como estamos a viver o imobiliário na Europa. «As taxas de juro continuarão a descer, mas não tão rapidamente quanto esperávamos, em parte devido às últimas notícias sobre o controlo menos eficaz da inflação. No entanto, este cenário deverá resultar num aumento dos volumes de investimento em 2025».
“Estamos a viver uma bonança geopolítica”
De acordo com José Moutinho, Head of Research da CBRE Portugal, «Portugal está a viver uma bonança geopolítica: temos um saldo migratório positivo, um desempenho económico favorável, fatores que vão contribuir para que a economia e, por conseguinte, o setor imobiliário vivam bons momentos».
Pulso do Investimento
Com uma apresentação realista, Igor Borrego, Head of Capital Markets, e Duarte Morais Santos, Head of Hotels, afirmaram que a CBRE «estima um ano muito alinhado com 2024, mas com algumas nuances importantes: esperamos um abrandamento do crescimento (em torno dos 8%) e o segmento do retalho deve observar uma quebra no volume dos 1,1 mil milhões para os 700 milhões de euros com a maior parte das transações a verificarem-se na região Norte».
No setor da hotelaria, Duarte Morais Santos sublinhou que «2025 será um ano de consolidação, com várias transações iniciadas em 2024 a concretizarem-se no novo ano». Por outro lado, o setor industrial e logístico «poderá registar um dos melhores anos de sempre», atingindo cerca de 400 milhões de euros transacionados.
Quanto ao mercado residencial, prevê-se a continuidade da subida dos preços de venda devido à escassez de oferta, enquanto os custos de construção, apesar de permanecerem elevados, mostram sinais de estabilização. Na promoção imobiliária, perspetiva-se uma «retoma do otimismo, com sinais encorajadores para o setor».
Igor Borrego destacou o segmento de residências para estudantes, «que sustentou o crescimento do setor de living em 2024». Salientou ainda que «não foi em 2024 que vimos investimento em Build to Rent, talvez 2025 nos traga algumas novidades, mas de facto demora a arrancar este setor». Relativamente às yields, apontou que, após o movimento de subida em 2024, o controlo da inflação e potenciais reduções sucessivas das taxas de juro por parte do BCE poderão levar a uma compressão das yields em 2025.
O que esperar de 2025?
Os especialistas da CBRE Portugal foram desafiados a resumir as suas expectativas para o próximo ano numa única palavra, cada uma refletindo tendências marcantes nos respetivos setores.
André Almada, Senior Director de A&T Offices, escolheu “30”, remetendo à quebra da barreira dos 30 euros por metro quadrado no mercado de escritórios de Lisboa. Já Nuno Torcato, Diretor de Industrial e Logística, optou por “industrialização”, por esta onda que está a pôr pressão nos ativos industriais e logísticos em Portugal.
No setor do retalho, Carlos Récio, Retail Senior Director, destacou “rendas” como a palavra-chave, sublinhando o aumento generalizado: no comércio de rua em Lisboa e Porto, nos retail parks e na renda média dos centros comerciais. Por sua vez, Liliana Soares, Head of ESG & Sustainability, apontou para o futuro com “Financiamento verde”, prevendo que a sustentabilidade será um tema central nos investimentos e no setor imobiliário em 2025.