Investimento em Angola aproxima-se da estabilização

Investimento em Angola aproxima-se da estabilização

De acordo com a Zenki Real Estate, pertencente à rede de aliados da CBRE, este efeito resulta da menor rentabilidade garantida, reduzida liquidez no mercado e maior incerteza relativamente à evolução da economia. No seu mais recente relatório, é evidente que as yields têm vindo a diminuir, no decorrer da redução acentuada das rendas, em especial no segmento residencial, com taxas de 3% a 5%. A procura mantém-se em níveis pouco expressivos, para compra ou arrendamento, e aumenta a disponibilidade de apartamentos T1 a T2, tipicamente destinados a quadros expatriados. Os preços prime já baixaram cerca de 16,7% para 6.500 dólares/m².

Já no comercial, que continua a ser mais atractivo para os investidores, as yields encontram-se entre os 9% e os 10%.

A consultora acredita que, depois da «análise dos diferentes momentos do comportamento do investimento e das rendas no período 2005-2020, e tendo em consideração o marginal crescimento do stock nos últimos anos, acreditamos que o actual momento antecede uma fase de estabilização e posterior crescimento do retorno no investimento imobiliário».

 

Abrandamento no mercado ocupacional

No mercado ocupacional, regista-se uma redução da nova oferta de escritórios e também da procura nos últimos anos. Entre 2015 e 2019 foram para o mercado 226.409 m², valor praticamente idêntico ao novo stock do ano de 2014. As empresas têm estado mais focadas na optimização da dimensão dos espaços e na redução de custos, procurando espaços flexíveis.

Paralelamente, a taxa de disponibilidade do mercado já atinge os 25%. O valor da renda prime caiu 65% desde o início da crise em 2014, e passou de 160 para 55 dólares por metro quadrado por mês.

O clima de incerteza e a quebra do consumo associada à redução do poder de compra continuam a ser os principais desafios do sector do retalho, condicionando «severamente» a abertura de novas lojas de rua e a conclusão ou abertura de novos projetos em Luanda. «É esperado que, a curto prazo, se mantenha a estagnação na procura de espaços comerciais. Ainda assim acreditamos que com a recuperação económica se assista à expansão das redes já existentes e à entrada de novos players neste segmento de mercado», pode ler-se no relatório.

 

Profissionalização do industrial

Mantendo a sua tendência de crescente profissionalização, o setor industrial e logístico deverá crescer nos próximos anos, acompanhando a evolução da economia e da promoção da indústria.

No entanto, a procura tem vindo a descer nos últimos anos, e só desde 2017 as rendas prime caíram numa média de 30%, e os valores de venda 25%. Os valores dos terrenos estão cerca de 20% abaixo dos valores praticados até ao início de 2016.

 

Hotelaria “dependente do sector corporativo”

O sector da hotelaria angolano continua a ser dependente «quase em exclusivo» do sector corporativo, nomeadamente de empresas ligadas ao sector petrolífero, e isso tem-se reflectido nos resultados da operação.

Luanda e Talatona registam taxas de ocupação médias de 50%, e no ano passado a redução do preço médio por quarto vendido foi de cerca de 20%. Poucos novos hotéis surgiram nos últimos anos em Luanda, apesar de o Plano de Desenvolvimento Nacional 2018-2022 apontar o turismo como uma das apostas estratégicas para os próximos anos.