Segundo a informação veiculada na imprensa financeira, a operação foi fechada por um valor em torno dos 223 milhões de euros. A Vida Imobiliária apurou que esta quantia corresponde ao valor patrimonial dos três artigos prediais que foram contabilizados na carteira do fundo a 31 de dezembro de 2015, que era de 222.757.449,9 euros. Caso o portfólio tivesse sido alienado em função do valor que lhe foi atribuído na última avaliação conhecida, realizada a 10 de novembro de 2015, esta transação teria galgado os 232,7 milhões de euros – sendo esse o valor que foi comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Refira-se ainda que este tipo de operações de investimento imobiliário envolvendo a transação de unidades de participação de fundos ou ações de empresa em detrimento da alienação direta do próprio ativo é uma tendência emergente a nível internacional, e que de acordo com os especialistas do setor deverá ganhar maior expressão nos próximos anos. O motivo? O facto do reforço da oferta de ativos imobiliários não conseguir acompanhar o crescimento da massa de capital disponível para o setor, como explicou a JLL num dos seus últimos researchs divulgados na semana passada, no âmbito do Mipim.
“Prevemos que face à inexistência de um volume significativo de novo stock disponível, o capital deverá tomar direções diferentes para conseguir atingir a sua almejada exposição direta ao setor imobiliário, e esse caminho poderá passar por apostar em soluções como as joint-ventures, parcerias, fusões e aquisições ou em outras classes de ativos alternativas, como a dos cuidados de saúde, residências sénior e, cada vez mais, o residencial”, disse na ocasião David Green-Morgan, diretor de research de global capital markets, JLL.
No caso do Office Park Expo, a operação terá sido concluída há algumas semanas, e consistiu na alienação das participações que os seus acionistas tinham neste fundo fechado. Ou seja, o que foi vendido foi o próprio veículo – gerido pela Norfin -, e com isso todos os seus ativos imobiliários passaram também para as mãos dos próprios donos, que é um fundo internacional.
O Office Park Expo era detido pelo fundo fechado homónimo, criado em 2002 com as participações do Fundo de Pensões do Banco de Portugal, do Fundo de Pensões do Pessoal da Caixa Geral de Depósitos, do Fundo de Estabilização da Segurança Social e da Fundação Calouste Gulbenkian, este último o único privado entre o rol de investidores. A primeira subscrição de capital, datada de 15 de outubro de 2002, foi de 20 milhões de euros divididos em quatro milhões de unidades de participação subscritas a cinco euros cada, ficando cada um dos subscritores com uma participação de 25%. Dez anos depois, já em 2013, o Banco de Portugal decidiu vender a sua participação neste fundo, encaixando quase 52 milhões de euros com esta operação.
Rendas ultrapassam o milhão de euros por mês
O Ministério da Justiça, através do Instituto de Gestão Financeira e Patrimonial da Justiça, é o principal inquilino do complexo Office Park Expo, que paga uma renda mensal em torno do milhão de euros pelos 62.000 m² de escritórios que ocupam no Campus da Justiça de Lisboa desde setembro de 2008. Totalizando os 182.000 m², o portfólio do fundo inclui também um edifício onde funciona o supermercado El Corte Inglés, além de duas áreas de estacionamento e um núcleo de postos de transformação afetos à cedência de energia a todo o empreendimento.