Decorreu esta terça-feira, dia 23 de fevereiro, o webinar Iberian Outlook Webinar, organizado pela Iberian Property e pela Real Asset Media. O primeiro painel de oradores iniciou a discussão com uma breve explicação sobre quais seriam as principais tendências que poderiam influenciar sua atividade em 2021.David Brush, CIO da Merlin Properties, identificou a dispersão da força de trabalho como uma das mudanças comportamentais a considerar porque, segundo a empresa, o «fenómeno de trabalhar a partir de casa» está a tornar-se cada vez menos atraente. Posto isto, a Merlin já adaptou a sua estratégia a empresas que procuram sistemas híbridos ou que procuram configurações especiais que confiram maior flexibilidade aos locais de trabalho por exemplo.Em termos de atividade do retalho, a principal diferença desde que o mercado de aquisições se tornou, nas palavras de Brush, «um pouco louco», é que a Merlin decidiu investir totalmente no desenvolvimento e promoção de projetos próprios, com yields de 7,5% - 8%, em vez de realizar aquisições com valores de yield de 5%, algo que só é possível para quem já possui terrenos. Além disso, todo o espectro do retalho ganha relevância para a Merlin, que procura responder à procura dos seus clientes.Seguindo as particularidades de cada subsetor, Pedro Coelho, Chairman da Square Asset Management, destacou que o ritmo de recuperação está relativamente dependente da evolução da crise sanitária mas, mais importante, partilha que aquelas que agora representam as áreas mais afetadas do setor imobiliário serão também as que irão recuperar num ritmo mais acelerado, como é o caso do turismo, que partirá de um ponto extremamente baixo. Assim, na sua opinião, isso representa uma oportunidade para investidores mais agressivos, principalmente em ativos como hotéis, comércio de rua de luxo em áreas turísticas, restaurantes e todos os demais que estejam ligados ao negócio do turismo. À medida que as taxas de juro atingem um ponto baixo, os imóveis tornam-se uma classe muito importante nas carteiras de investimento.Durante 2020, a Square expandiu-se bastante e comprou ativos de retalho, logística, escritórios e residências sénior, para garantir uma boa diversificação de investimentos, a fim de proteger os seus aproximadamente 25.000 titulares de poupanças, e seguir uma estratégia defensiva de longo prazo.Preocupações e riscos para a atividade deste anoJosé Manuel Lovet, CEO do Grupo Lar do Setor Imobiliário Comercial Iberia, admite que esta é uma questão central que tem vindo a ser debatida, mas o cenário permanece muito sensível e, portanto, difícil de ler. No entanto, José Llovet destaca dois pontos principais nos quais deve recair a nossa atenção.O primeiro ponto diz respeito às crescentes dificuldades de financiamento que podem afetar o crescimento do setor, tanto a nível das empresas que carecem de fundos para implementar os seus projetos, como também a nível particulares que podem necessitar de crédito à habitação, por exemplo.O segundo, pode parecer desconfortável de abordar, mas está relacionado com as decisões políticas que particularmente em Espanha estão a gerar confusão, devido sobretudo à existência de políticas diferentes de acordo com as diferentes regiões do país. Então, o que mais falta neste momento é por um lado, clareza e, por outro lado, suporte.Para Francisco Sottomayor, CEO da Norfin, o risco político também é algo que não se deve subestimar porque, como lembra Francisco, este ano será marcado por eleições, pelo menos em Portugal (em outubro), e como o passado nos mostrou, nos anos em que se realizam eleições o processo de licenciamento tende a ser esquecido, ou seja, o tempo de aprovação das licenças aumenta muito e isso tem consequentemente um impacto negativo para o setor. Aliado a este facto, está também a preocupação com o aumento dos custos de construção, que pode retrair as intenções de investimento.A somar a isto, o CEO da Norfin partilha a sua visão sobre o risco inerente ao fim das medidas de apoio até agora em vigor para as empresas em Portugal, e questiona como reagirão os bancos a essa situação também. A pensar especificamente no setor do turismo e em tudo o que se encontra encerrado no país, Francisco afirma ainda que, sendo Portugal um país periférico, o setor da aviação pode desempenhar um papel importante na mitigação do risco de insucesso das atividades relacionadas com a atividade turística.Onde encontrar investidoresRodrigo Cortés, Head of Client Development & Fundraising da Azora, revela que nas interações de investimento da Azora «o nível de interesse em investir em Portugal e Espanha tem sido enorme». De facto, a sensação é de que a perceção de onde a Península Ibérica se situa na carteira do investidor evoluiu bastante, e embora possa ainda não ser considerada uma região core para investir, a verdade é que existem agora muito poucos investidores que não consideram ter a Península Ibérica no seu portfólio.Rodrigo Cortés mostra como o investimento está longe de perder relevância, já que a Azora conseguiu arrecadar 680 milhões de euros num fundo do setor hoteleiro em junho de 2020 (pós-covid), e revela que esses fundos foram «angariados através de instituições internacionais de altíssima qualidade como é o caso da APG, que permitiu que o seu nome fosse revelado». O Chefe de Angariação de Fundos na Azora dá este exemplo para explicar que este tipo de instituições não procura retornos oportunistas, pelo contrário acreditam no segmento de hotelaria numa perspetiva de longo prazo. Em geral, observam-se muito mais transações no segmento core e core-plus do que no segmento de valor agregado e oportunista.Uma análise mais extensa, que incluirá o 2º painel de discussão do evento, estará disponível em breve, e fará parte da próxima edição da revista Iberian Property.