Embora não tenha avançado quais serão os setores em que vai focar a sua procura, Pedro Seabra, Partner Real Estate na Explorer Investments, assegura no Iberian Property Investment Talks que estará «no lado dos compradores, já que alguns problemas no mercado serão resolvidos nas situações oportunistas. Esta é uma realidade que temos de enfrentar», sublinha.
Mas esta não será a sua única estratégia, já que a Explorer Investments também deverá operar enquanto vendedor. «Os ativos que tínhamos planeado vender há dois meses, que agora não tem muita atividade, deveremos voltar a colocá-los no mercado dentro de alguns meses», explica.
No que diz respeito ao investimento, Pedro Seabra considera que hoje os players «não se vão sentir confortáveis em adquirir edifícios de escritórios e, talvez, sentir-se-ão pouco confortáveis em adquirir shoppings centres como, aliás, já estavam no passado recente». Isto porque, explica, haverá «uma mudança leve» nos escritórios, havendo alguns espaços que «tornar-se-ão redundantes», e ainda uma mudança evidente no retalho, já que a «a competição entre o e-commerce e os espaços de retalho vai ser mais forte».
Turismo vai voltar «muito forte» a Portugal
Neste panorama, o segmento hoteleiro deverá enfrentar meses «mesmo muito difíceis». Apesar desta situação, Pedro Seabra acredita que «o futuro poderá ser muito bom e muito atrativo para este negócio. Levará algum tempo até que as pessoas sintam confiança em viajar, mas quando acontecer o turismo vai voltar e vai voltar muito forte».
A «boa imagem de Portugal enquanto destino turístico» criada não só pela forma como gerimos a crise passada, mas também como estamos a gerir esta, deverá gerar algum conforto aos turistas para regressar, porque sentem que «Portugal é um país seguro e organizado, com um bom sistema de saúde», explica.
Neste contexto, «o mercado interno e os turistas espanhóis [que têm facilidades de deslocação ao país] podem ajudar imenso os hotéis portugueses durante os meses de verão», acredita Pedro Seabra que reconhece, no entanto, que «esta é ainda uma situação desconhecida», e , por isso, «temos de ver se as fronteiras vão ser abertas e como o transporte aéreo de passageiros vai ser gerido». De qualquer modo, «se não tivermos mercado internacional, pelo menos o mercado interno e o espanhol deveremos ter», acredita.
Acelerar planeamento poderá ser incentivo à construção
Apesar de no passado recente o planeamento ter sido «muito difícil e lento», agora parece que há melhorias. O Partner Real Estate na Explorer Investments revela que «agora que vemos a digitalização da economia no geral e, em particular, nos municípios, esperamos que esta possa de alguma forma melhorar os processos e acelerá-los». Esta é uma realidade que «tem sido evidente na Câmara de Lisboa», por exemplo.
A aceleração e eficiência do planeamento aliada a uma melhoria das taxas podem ser dois ingredientes para «incentivar a construção no futuro». Pedro Seabra considera que «é muito importante» fazê-lo, «porque vai ser muito importante para a recuperação da economia», e sublinha ainda que «o imobiliário e a construção são o motor da economia. Foram no passado e deverão ser no futuro».