Numa altura em que na Assembleia da República se discute o Orçamento de Estado para 2016, a AICCOPN e o Sindicato da Construção Civil, alertam para aquela que é a «grande preocupação do setor da construção, o desemprego», a ameaça deste ano se perderem 35.000 postos de trabalho, salientou Reis Campos, presidente da AICCOPN. A preocupação da Associação e Sindicato da Construção foi realçada durante um encontro na cidade do Porto no dia 23 de fevereiro.
Reis Campos foi perentório, «temos de olhar para isto de maneira diferente», desde logo ao nível do investimento público. O responsável da AICCOPN lamenta que dos concursos públicos lançados muito poucos sejam adjudicados, uma situação que «não é compreensível». «Não percebo porque é que são lançados concursos e apenas metade desses sejam entregues. E porque é que se está a perder dinheiro com isso e a criar expectativas. Porque é que não são celebrados os contratos?», questionou Reis Campos.
O responsável não desculpabiliza as fragilidades do setor com a instabilidade política do último meio ano, sublinhando, inclusive, que o setor «não pode estar refém do ciclo eleitoral permanente». Na sua opinião, um domínio como a reabilitação urbana, que reúne o aval de todos os partidos, deve assumir uma estratégia «definida a longo prazo», imune aos ciclos eleitorais.
No que diz respeito às grandes estratégias de Investimento, o presidente da AICCOPN recordou, que «existe um compromisso de continuar obras que estavam lançadas no Plano Estratégico de Transportes e Infraestruturas. Estava previsto, até 2020, concretizar um conjunto de 53 obras sendo que neste momento estão em curso apenas 16».
Para Reis Campos, o Orçamento do Estado não traz «nada de bom para o sector». «Não há investimento público incluído neste Orçamento de Estado. Fala-se da reabilitação urbana mas não há nenhuma verba inscrita», referiu o responsável.
Albano Ribeiro, do Sindicato da Construção de Portugal, congratulou as últimas declarações do primeiro-ministro António Costa, na Assembleia da República, sobre a necessidade de criar emprego, acrescentando que «não há outro setor, em Portugal, que a curto prazo crie mais postos de trabalho que a fileira da construção».
Crise petrolífera em Angola abala empresas do setor da construção
De uma forma geral, as empresas da fileira da construção e do imobiliário têm encontrado no mercado internacional a forma de colmatar as dificuldades encontradas no mercado interno. Um dos principais destinos externos das empresas nacionais do setor da construção, nos últimos anos, foi Angola que neste momento atravessa um período mais difícil. Tanto Albano Ribeiro como Reis Campos demonstraram preocupação com a situação da economia angolana. Reis Campos recordou que «dos 9,8 mil milhões de faturação no exterior, metade era em Angola. As nossas empresas estão a passar momentos críticos, mas foram para lá numa visão de longo prazo e estão à espera que isto passe. O problema é saber se irão aguentar este desgaste», explicou.