A mais recente pesquisa da CBRE a nível europeu, que visa medir a mudança do sentimento dos investidores e proprietários em relação aos preços dos ativos durante a pandemia, mostra que há um grande apetite por adquirir shoppings com preços reduzidos, já que 99% dos profissionais envolvidos no estudo assume estar à procura de centros descentralizados com mais descontos. Também cerca de 91% diz procurar shoppings Core com valores reduzidos.
O sentimento do lado dos potenciais vendedores é semelhante, já que 87% dos proprietários dos shoppings descentralizados dizem estar em setembro mais dispostos a oferecer descontos nestes imóveis do que estavam em abril. Também 70% dos detentores de shopping malls em localizações core está disposto a fazê-lo.
No seu relatório ”2021 EMEA Real Estate Market Outlook”, a CBRE comenta que «os descontos começaram a materializar-se em ativos de retalho e hotelaria, especialmente nos ativos de valor agregado e core-plus. Os spreads de compra e venda estão consequentemente a apertar», acrescenta.
Mas estes ativos não são os únicos, já que o mesmo sentimento surge sobre os escritórios descentralizados. Cerca de 74% dos profissionais também admite procurar investir em edifícios (com classificação A) descentralizados que apresentem valores mais reduzidos. Quando questionados sobre a possibilidade de adquirir edifícios de escritórios core com descontos, apenas 1 profissional em cada 4 assume ter intenção de o fazer.
O que os resultados do questionário também mostram é que no segmento de escritórios há uma menor disposição para vender com descontos, já que apenas 34% dos atuais proprietários dos escritórios descentralizados estão dispostos a fazê-lo, e apenas 8% dos proprietários dos escritórios core consideram esta opção. Nas regiões core, cerca de 20% dos proprietários consideram, aliás, vender a preços mais elevados.
Sobre este ponto, a CBRE explica que «ativos muito procurados, como escritórios de classificação A, parecem estar a ser negociados com valor acrescentado». O documento acrescenta ainda que , «entretanto, as expectativas dos compradores e vendedores sobre os preços de “outros escritórios” permanecem mais distantes» e, como consequência, «deverá limitar o potencial de valorização nestes setores».
Logística é a exceção
Já no que diz respeito à logística a tendência parece ser outra: 68% dos investidores está disposto a colocar propostas em cima da mesa com um valor superior ao preço de mercado. No lado dos vendedores nota-se uma tendência semelhante, já que 62% assume ter intenção de aumentar os preços dos ativos. Neste segmento, há poucos compradores e vendedores dispostos a realizar operações com descontos.
A nível europeu «os investidores de ativos logísticos expressaram vontade de colocar em cima da mesa preços maiores», lê-se no relatório. O interesse dos investidores pela logística aumentou de tal modo que a CBRE prevê que para 2021 «o mercado logístico deverá continuar a ter um desempenho superior» aos outros mercados, e explica que «isto deve-se em parte ao reaparecimento de private equity e vendas institucionais. A crescente implementação de estratégias de sale-and-leaseback pode impulsionar ainda mais o fluxo de negócios», acrescenta.
Investimento imobiliário deverá crescer 8,5% em 2021
A CBRE avança que é esperado que os volumes de investimento em imobiliário comercial na Europa desçam cerca de 25% em 2020, fixando-se num valor ligeiramente superior a 240 biliões de euros. Mas as previsões para o próximo ano são mais animadoras: a CBRE projeta que os volumes deverão subir 8,5% em 2021 e deverão ainda retomar aos valores pré-Covid na segunda metade de 2022, se os planos de vacinação atuais seguirem o rumo delineado.
Para a consultora, «2021 pode revelar-se um período chave em que os volumes de investimento encenam uma forte recuperação».
Em resumo, a consultora considera que à medida que as incertezas gerais no mercado vão diminuindo e as restrições de circulação vão sendo eliminadas, os investidores vão retomar aos mercados de investimento. O apetite dos investidores por ativos de logística, multifamily e escritórios de primeira linha, especialmente nos principais mercados, deve continuar até 2021. Considerando o volume de capital direcionado aos setores de logística e multifamily, as yields entre esses tipos de ativos podem sofrer uma compressão crescente no próximo ano.
Já as vendas distressed na hotelaria e no retalho em localizações secundárias provavelmente vão materializar-se no curto prazo. A consultora prevê ainda que as yields deverão aumentar durante 2021 para os ativos centrais na hotelaria e retalho, bem como os escritórios descentralizados e secundários.