É o que revelam os dados esta semana publicados pelo INE, baseados no Inquérito à Situação Financeira das Famílias, levado a cabo em 2013, de acordo com o qual a residência é o principal ativo real no que concerne a riqueza das famílias. Quanto mais riqueza e habilitações, maior o valor em dívida pelos imóveis.
No entanto, 30% do total das famílias tinha dívidas com garantia da residência principal, sendo este o principal tipo de dívida das mesmas, tanto em número de famílias detentoras como em valor. Em 2013, os ativos reais representavam 88% do valor do total de ativos de que as famílias residentes eram proprietárias, e 49,8% correspondia ao valor dos imóveis utilizados como residência principal. O valor dos outros bens imóveis representava 29,9%.
Este inquérito também mostra que o peso do valor da residência principal no total de ativos reais é menor nos escalões de riqueza mais elevados, de 59,4% e 22,9% no caso do penúltimo e último decil da riqueza líquida. Já no caso das restantes classes de riqueza, os valores eram superiores a 75%, e reduzem-se com o aumento do nível de rendimento.
Neste contexto, o valor da dívida hipotecária associada à residência principal tinha um peso dominante na dívida dos agregados familiares (média de 48.500 euros) de 82,4%. O peso do valor da dívida associada a hipotecas de outros imóveis era de 10,6%, e o de empréstimos não garantidos por imóveis era de 6,2%. Conforme o aumento da idade, o peso das dívidas hipotecárias associadas à residência principal no total da dívida das famílias baixava. Mas, no caso das dívidas respeitantes a outros imóveis, o valor era superior.
Compra de casa segue tendência crescente
Apesar de a concessão de crédito à habitação ter descido ligeiramente nos últimos meses, os bancos voltaram a estar abertos a este tipo de financiamento nos últimos anos, e a habitação continua a ser o principal motor do financiamento às famílias. Só em junho os bancos emprestaram 587 milhões de euros, o valor mais elevado desde janeiro de 2011, antes da chegada da Troika a Portugal. E de janeiro a agosto foram emprestados 3,7 mil milhões de euros para este fim, mais 53% que no período homólogo, o que leva a crer que 2016 pode mesmo ser o 1º ano a superar o total anual de 2011. No entanto, a TSF recorda que estes valores continuam a ser muito inferiores aos 20.000 milhões de euros que a banca emprestou em 2007 para compra de casa.
A par de uma maior abertura dos bancos, também os depósitos a prazo têm taxas muito pouco competitivas, o que faz com que muitas famílias optem por investir no imobiliário. Já o arrendamento, que foi muito procurado durante a crise, é agora mais difícil de conseguir, especialmente nos centros urbanos, onde as rendas têm subido significativamente, por força do aumento do turismo e do alojamento local.
Por outro lado, a par da descida da taxa de juro implícita no crédito à habitação, tudo indica que as taxas Euribor continuem negativas nos próximos meses e até mesmo durante todo o próximo ano, atingindo valores mínimos históricos, que resultam em prestações mensais muito atrativas.