Os números apresentados pela Associação Portuguesa de Empresas de Gestão e Administração de Condomínios (APEGAC) evidenciam que cerca de metade da população portuguesa vive em edifícios em regime de propriedade horizontal. «São cerca de 300 mil condomínios e que, se observada a lei, implicam 300 mil administrações de condomínio», referiu Vítor Amaral, Presidente da APEGAC, sublinhando a importância de «valorizar a administração de condomínios como atividade profissional».
“Vivem 5 milhões de pessoas em condomínios, metade da população portuguesa”, Vítor Amaral, Presidente da APEGAC
À semelhança do parque edificado nacional como um todo, também os condomínios apresentam uma grande heterogeneidade. «Nós temos muitos condomínios que estão datados dos anos 70, 80, 90, anos do boom na construção, e outros, em número menor, mais recentes com 5, 10 e 15 anos. Os que têm mais de 20 anos, são edifícios que não têm na sua maioria as mesmas condições de construção que têm os edifícios mais recentes». É fácil identificar dois padrões de edificado: «o edificado moderno com boas técnicas de construção, com bons materiais de construção, seguramente com isolamento térmico, acústico... E depois aquele que tendo 30, 40 anos não tem estes requisitos». De acordo com o Presidente da APEGAC, «são mais de 4 milhões as pessoas que vivem em condomínios que não têm as condições do edificado atual. E estas pessoas têm o direito de ter também boa qualidade de vida». Na sua opinião, aqui reside um dos grandes desafios dos administradores de condomínios: sensibilizar os condóminos para a necessidade de realizar obras de manutenção e de reabilitação urbana. «O papel do administrador de condomínio é importantíssimo para a manutenção do edifício. Cabe ao administrador ter a qualidade e os conhecimentos suficientes para sensibilizar os condóminos para a necessidade da boa manutenção do edifício», disse durante a sessão de abertura da 1.ª Convenção dos Condomínios, em Vila Nova de Gaia.
“Mais de 90% das empresas de administração de condomínios são microempresas”, Vítor Amaral, Presidente da APEGAC
Falando para uma sala maioritariamente preenchida por administradores de condomínio, Vítor Amaral, sublinhou que os profissionais «têm de ter cada vez mais formação e mais conhecimento técnico, porque esta é uma atividade multidisciplinar. Temos de apostar na qualidade, porque é este o caminho da procura dos condóminos. Os nossos condóminos vão exigir cada vez mais qualidade e procurar, cada vez mais, administradores que lhes garantam um serviço de qualidade».
Como será o condomínio do futuro?
Convidado desta conferência, António Miguel Castro, Presidente do Conselho de Administração da GAIURB, falou de «uma dicotonomia enorme entre os condomínios», algo que também é visível em Vila Nova de Gaia, o terceiro maior município do país. Esta heterogeneidade deve fazer-nos «pensar primeiro nos condomínios do presente» e perceber «como conseguimos crescer de uma forma sustentável, mas sem condicionar o nosso condomínio do futuro, a nossa cidade». Sobre o condomínio do futuro, António Miguel Castro sublinhou que este deve «tratar a pobreza energética, promover a sustentabilidade, a inclusão e o emprego da tecnologia».