O Prémio André Jordan é uma iniciativa da Confidencial Imobiliário que pretende promover o desenvolvimento de trabalhos académicos e científicos na área do imobiliário, turismo e cidades. A sua grande missão é «contagiar o meio científico com as preocupações do mercado, e trazer para o mercado o conhecimento científico», afirmou Ricardo Guimarães, diretor da Ci, na abertura da cerimónia.
Este ano, o trabalho “A Avenida Almirante Reis, uma história construída do Prédio de Rendimento em Lisboa”, de João Appleton, foi o grande vencedor na categoria de Teses de Doutoramento / Artigos Científicos. Uma das premissas deste trabalho foi «conhecer bem este património para que possa ser reabilitado com qualidade. Só assim é possível aproveitar esta vaga de investimento que Lisboa tem recebido», comentou João Appleton.
Na mesma categoria, Sónia Alves recebeu uma Menção Honrosa com o trabalho “Polos opostos? Um estudo comparativo das políticas de habitação em Portugal e na Dinamarca”. Karl Benjamin Kraehmer foi distinguido na categoria Dissertações de Mestrado com o trabalho “Gentrification without Gentry? Tourism and Real Estate Investment in Lisbon”.
Para André Jordan, presidente do Grupo André Jordan, «este prémio começou da escassez de trabalhos académicos sobre o setor imobiliário». Destacando a evolução do setor nas últimas décadas, afirmou que «temos hoje uma indústria ao nível internacional na qualidade e no produto».
Augusto Mateus, presidente do júri do Prémio, destacou a importância do prémio enquanto ferramenta para ter um profundo conhecimento das realidades e para «sinalizar aquilo que a sociedade, os estudiosos e o mercado dão como mais relevante, numa articulação do mercado com a democracia». Para si, imobiliário, turismo ou cidades «são atividades decisivas para o futuro, nas quais não se podem repetir os erros do passado».
Também presente na cerimónia, o secretário de Estado da Economia, João Correia Neves, destacou que «quando há conhecimento associado às políticas públicas, tendemos a cometer menos erros. Um prémio deste género é muito importante para que haja debate e para que as decisões certas sejam bem tomadas», num tempo de «grande aceleração dos processos de mudança, nomeadamente no que diz respeito às cidades».
REITs podem revitalizar um mercado de arrendamento “profundamente traumatizado”
No seguimento da entrega dos prémios, decorreu ainda uma mesa redonda de debate sob o mote “Habitação: investimento institucional em arrendamento”, que contou com a presença de Helena Roseta, deputada à Assembleia da República, e Sofia Galvão, advogada.
Para Sofia Galvão, o mercado de arrendamento habitacional português «é profundamente destruído e traumatizado». E dada a fraca capacidade de investimento público na habitação, que responda às reais necessidades do país, acredita que a resposta passa pela criação de um regime de REITs, que são «uma solução para democratizar o investimento imobiliário, tornando-o regulável e transparente, numa altura em que a escala do investimento vai ser fundamental».
Para a especialista, a revitalização do mercado depende de novos protagonistas que permitam esta escala. «Um tipo de investimento muito heterogéneo e fragmentado não vai resolver o problema. É importante trazer novas figuras de investidores institucionais para o mercado da habitação, que já estão no arrendamento comercial».
E avança que «a história (do arrendamento) em Portugal é de tal forma bloqueadora de iniciativas espontâneas e soltas, que é preciso algo de profundamente diferente».
Helena Roseta, por seu turno, defende a criação de uma lei de bases da habitação, «como temos noutras áreas», e criar novas soluções para o problema da habitação. «Temos pressa, temos pessoas com grandes dificuldades e uma geração inteira que não consegue encontrar soluções de habitação». Investimento direto público, política fiscal, subsídios e regulação são os quatro vetores essenciais das políticas públicas de habitação, considera.