Esta foi uma das ideias principais do debate “Casas Novas em Portugal: o Estado da Nação”, promovido pela Era Portugal no SIL, que reuniu profissionais de várias áreas em torno deste tema.
Nelson Ressurreição, franquiado da Era Aveiro, comentou na ocasião que «a reabilitação é um caminho que temos de percorrer, temos muito para reabilitar», mas também temos «um parque habitacional além das necessidades, porque estamos a diminuir população. Por isso, ou não aumentamos o parque, ou aumentamos a população, externamente», notou, referindo-se ao turismo. Por outro lado, acredita que «a realidade está a mudar, temos uma maior tendência para as tipologias mais pequenas, pela diminuição dos agregados familiares, mais investimento no short term rental ou no mercado dos estudantes».
António Carias de Sousa, da Ordem dos Engenheiros, concorda que «a tendência é, naturalmente, a reabilitação, e é praticamente a única construção civil que existe hoje em dia em Portugal». Para a ordem, a preocupação «é o tipo de reabilitação que está a ser feita», pois, com o Regime Excecional da Reabilitação, acredita que «está a perder-se uma oportunidade enorme de fazer uma reabilitação que não seja só um lifting, sem garantir a qualidade energética, acústica ou sísmica», salientando particularmente esta questão sísmica como requisito para que as habitações durem as gerações que se pretende.
Para Luís Saraiva, da CPCI, «é preciso distinguir reabilitação urbana da suposta reabilitação urbana. É preciso fiscalizar e saber que empresas estão realmente a fazer reabilitação», pois «o nosso interesse é que se faça com qualidade e que o imóvel reabilitado seja para a vida». Em termos concretos, «os clientes têm de saber do risco sísmico, e fazem cada vez mais uma compra consciente». Este responsável lembrou na ocasião que a reabilitação urbana não se cinge aos centros das cidades,
Mas, por outro lado, parte do futuro pode também passar pela construção nova, até porque os centros das cidades começam a esgotar-se. Por isso, o turismo foi também tema nesta conversa. Sofia Plácido de Abreu, advogada, lembrou para a preocupação de «ter mais residência permanente» nas cidades, numa altura em que «os jovens têm grandes dificuldades em continuar a viver em Lisboa agora, e isto resolve-se com o aumento da oferta, e não só com legislação», acredita. Nelson Ressurreição completou ainda que «é muito importante perceber como é que vamos fazer isso, porque já caímos no erro de construir desordenadamente, sem parques, sem zonas verdes, sem preocupações urbanísticas, o planeamento do território é muito importante», lembrando que «todas as cidades reabilitadas da Europa são cidades turísticas».
Pedro Cruzinha, representante da Secretaria de Estado da Habitação, participou também na conferência, e garante que «estas questões já foram endereçadas pela secretaria de Estado, e já temos uma estratégia: queremos um acesso universal à habitação, considerando a falha de mercado que existe». Por outro lado, «queremos dinamizar o mercado da reabilitação e do arrendamento com as preocupações que foram evidenciadas, como a eficiência energética, com requisitos bem definidos, tudo isso está nos nossos planos».