Nos primeiros três meses do ano, os mercados de escritórios de Lisboa e Porto registaram uma atividade mais moderada, num contexto de oferta limitada e comparação com um ano anterior extraordinariamente forte.
A análise mais recente da Savills mostra que, na capital, a área total transacionada atingiu os 14.983 m². Embora represente uma descida de 80% face ao volume excecional do 1º trimestre de 2024 — período marcado por duas operações de grande escala que representaram 60% da ocupação.
A escassez de espaços disponíveis continua a ser um fator determinante. A procura mantém-se elevada e muito competitiva, particularmente por escritórios de elevada qualidade. Nos primeiros três meses do ano, a área de TMT e Utilities foi responsável por 36% da absorção total. Seguem-se os “Outros Serviços”, com 27%.
As rendas prime mantiveram-se estáveis nos 29 euros por metro quadrado por mês, com um crescimento anual de 4%. O número crescente de contratos de pré-arrendamento demonstra a intenção das empresas em garantir com antecedência espaços estratégicos, numa conjuntura de pouca oferta. A expectativa para os próximos meses aponta para uma ligeira subida nas rendas, impulsionada pela procura consistente e pela escassez de produto ”grade A” no mercado.
Frederico Leitão de Sousa, Head of Offices da Savills Portugal, afirma que "após um ano de 2024 marcado por níveis recorde de absorção de espaços de escritórios em Lisboa, a quebra verificada no início de 2025 era, em certa medida, previsível, dada a escassa oferta atualmente disponível no mercado. Para além disso, estes números mais baixos resultam também de um alargamento dos prazos de decisão por parte dos ocupantes. Ainda assim, com base no pipeline da Savills, acreditamos que o ano de 2025 será novamente muito positivo. A procura por escritórios prime, tanto por parte de empresas nacionais como internacionais, deverá manter-se elevada, o que continuará a exercer pressão sobre os valores de arrendamento."
Em Lisboa, as empresas internacionais representam aproximadamente 63% do total absorvido, enquanto no Porto essa presença é ainda mais expressiva, ultrapassando os 80%. Este forte peso da procura internacional reforça o posicionamento de Lisboa e do Porto como cidades-destino para a expansão de negócios globais.
Porto
Entre janeiro e março deste ano, o mercado de escritórios do Porto somou um volume de absorção total de 2.832 metros quadrados, representando uma descida de 84% face a igual período do ano passado, que registou um grande volume de área transacionada. Em 2024, foram registadas seis operações acima de 1.000 m² durante este período, representando 70% da ocupação total. Em 2025, não se registaram negócios dessa dimensão, refletindo o atual desafio de falta de oferta adequada, sobretudo de espaços prime.
A escassez de edifícios modernos e de elevada qualidade tem limitado a concretização de negócios de maior escala, impedindo algumas empresas de concretizarem os seus planos de expansão. Os Serviços Financeiros lideraram a absorção no trimestre (46%), seguidos pelas TMT’s e Utilities (36%).
As rendas de escritórios prime no Porto atingiram os 21euros por metro quadrado por mês — um crescimento de 11% face ao trimestre anterior e igualmente face ao mesmo período do ano passado — refletindo a crescente pressão da procura por parte de empresas internacionais e locais em expansão.
Graça Ribeiro da Cunha, Offices Associate da Savills Portugal, comenta que “o Porto mantém-se como um polo atrativo para empresas, embora se verifique um abrandamento nos tempos de decisão. Atualmente, continuam ativos alguns pedidos iniciados nos últimos dois trimestres de 2024, o que influencia diretamente os níveis de absorção. Olhando para o futuro, o pipeline de cerca de 98.000 m² previstos para os próximos dois anos, com cerca de 30.000 m² já pré-colocados, reforça a confiança no mercado. Este volume deverá garantir resposta à procura atual, permitindo uma retoma gradual da atividade ao longo do ano.”