Retalho adapta-se ao online mas digital não compensa perdas

Retalho adapta-se ao online mas digital não compensa perdas

De acordo com os dados da Yahoo Finance, analisados pela Savills, desde que o Estado de Emergência foi declarado em março, verificou-se uma quebra significativa da atividade no retalho tradicional, de 45% (exceção feita ao retalho alimentar).

Segundo a Savills, mantém-se a preocupação na manutenção do equilíbrio entre os espaços físicos e o digital, em estreita colaboração entre o proprietário e o inquilino, para que os níveis de ocupação dos espaços sejam mantidos.

Cristina Cristóvão, Agency Retail Director da Savills Portugal, comenta que «em geral, as compras online no comércio alimentar e retalho aumentaram face a período pré-pandemia mas não nos podemos esquecer que o online não tinha ainda uma representação muito significativa na maior parte da atividade retalhista em Portugal, sendo que a percentagem total das vendas no retalho se situa ainda abaixo dos 10%. Daí que esta subida não conseguiu compensar a perca de volume nas vendas físicas».

«O aumento das vendas online obrigou retalhistas a fabricantes a fazer ajustamentos ao negócio ao nível de cadeias de distribuição, preços, produto, reforço e preparação de equipas no atendimento telefónico, condições de segurança nas entregas e devoluções, etc.», explica.

Para as marcas que já tinham presença digital, o confinamento veio obrigar a uma maior aposta nas plataformas online. Os pequenos retalhistas do comércio local repensam agora as suas estratégias de atuação para garantir a sobrevivência dos seus negócios.

Cristina Cristóvão acredita que «esta capacidade de adaptação será fundamental para a recuperação do setor. A curto/médio prazo sabemos que o retalho terá um impacto forte mas é um setor com uma boa capacidade de adaptação. Do lado do consumidor, com o levantamento das restrições, as pessoas regressam lentamente às rotinas e assiste-se igualmente a uma adaptação nos padrões de consumo».

Uma destas alterações, a nível europeu, deverá prender-se com o armazenamento de produtos, com consequências diretas no processo operacional das cadeias de distribuição, que deverá sofrer também reestruturações profundas, e contará com a rápida adoção de medidas e tecnologias que permitam colmatar falhas disruptivas.

Alexandra Gomes, Associate do Departamento de Research da Savills Portugal, explica que «toda a cadeia de distribuição de produtos, desde o primeiro elo do processo até à entrega ao consumidor, está neste momento a ser repensada. O Covid-19 vai deixar-nos lições importantíssimas sobre o ponto vista comportamental do consumidor que passam invariavelmente por questões como diferenciação do produto, tempos de entrega cada vez mais curtos, customer services altamente personalizados e com sistemas de tracking atualizados on-point, entre outros fatores».