O CEO da JLL Portugal falava à VI no Conversas Diárias – Especial Covid-19, afirmando que «mantemos o positivismo», num momento em que «o que mais mudou foi a questão da incerteza. Os negócios aconteciam com muita naturalidade, havia muita oferta, e muito mais procura que oferta. Os investidores internacionais estavam cá, todos os mercados estavam a funcionar de forma muito dinâmica, e de repente instalou-se uma nuvem de incerteza». Hoje, «é mais difícil planear as nossas vidas a médio e longo prazo, porque não sabemos quando é que isto vai passar».
Esperando que «não hajam setores verdadeiramente perdedores», Pedro Lancastre não esconde que a nuvem é mais negra sobre o comércio e a hotelaria, e que os restantes setores «deverão voltar à normalidade mais rapidamente».
Está confiante de que o mercado de escritórios vai continuar dinâmico, pois «há um pipeline significativo que virá para o mercado, e muitas empresas vão continuar a querer vir para Portugal». E identifica aqui «uma oportunidade muito grande, podemos vir a ser a nova Dublin, atraindo grandes multinacionais. As que já cá estão, têm tido muito bons resultados e querem expandir as suas operações».
Por outro lado, a experiência da JLL também tem sido boa no segmento residencial, mesmo em tempo de pandemia: «temos mantido uma ótima dinâmica de vendas. À medida que o tempo passa, sentimos o mercado a voltar, devagarinho. Talvez tenha sido o mercado menos afetado, nomeadamente o segmento onde trabalhamos». E salienta que «há muita gente interessada em obter um “golden visa” até ao final do ano, com a incerteza que paira sobre o instrumento. Espero que volte a ser um dos catalisadores da retoma depois deste período difícil», remata.
Pedro Lancastre não arrisca a fazer previsões sobre a retoma do mercado, mas «sabemos que vamos ultrapassar» a crise. «Temos um país sólido, que não é assim tão pequeno como isso. A nossa reputação melhorou neste tempo. Da mesma forma que algumas empresas ou setores não vão aguentar, alguns países vão aproveitar a oportunidade, e esperamos que Portugal seja um deles. As pessoas confiam nos nossos players, na transparência do nosso mercado, e com estas taxas de juro tão baixas, com as bolsas tão instáveis, as pessoas veem que é no imobiliário que se deve estar e investir».
E conclui: «esperamos que dezembro de 2019 volte o mais rapidamente possível, ainda que possa não acontecer em dezembro de 2020».