Ocupação da hotelaria deverá cair 50% este ano em Lisboa

Ocupação da hotelaria deverá cair 50% este ano em Lisboa

Esta é a projeção que a Neoturis faz para o setor, tendo em conta o impacto da emergência sanitária da Covid-19, que está a colocar um travão na atividade turística.

Falando à VI, Eduardo Abreu, Partner da Neoturis, explica que «o impacto é brutal» e muito mais significativo do que depois do 11 de setembro, ou na crise de 2008, quando a paragem da atividade não foi tão brusca: «neste momento, falamos de pelo menos 3 meses onde as ocupações estarão próximas de 0%. É muito violento para grupos que estavam a contar com este período de início de época alta». E completa que «não são muitas as empresas de hotéis independentes que aguentam uma quebra desta magnitude».

Se Lisboa poderá perder este ano 50% da ocupação, face ao ano passado, o Algarve poderá registar uma quebra de 66% para 20%, e uma redução de perto de 60% nos proveitos. São mais de 700 milhões de euros que podem «não entrar nas empresas de março a dezembro», alerta Eduardo Abreu, número que passa para cerca de 650 milhões de euros no caso de Lisboa. Juntando as duas regiões, falamos de cerca de 5 milhões de euros perdidos a cada dia.

«Temos muitas dúvidas sobre a velocidade de recuperação do mercado para fazer face ao verão», admite Eduardo Abreu, que avisa que «a imprevisibilidade é muito grande», pois, no melhor dos cenários, e mesmo que a situação melhore a partir de junho, «não sabemos se as pessoas já estarão disponíveis para voltar às viagens», nomeadamente a maioria dos clientes do Algarve, que serão dos mais afetados pelas situações de despedimento ou layoff. Por outro lado, «se é fácil encerrar um aeroporto, não é fácil reabri-lo», nota ainda.

Seja como for, «o envelope financeiro do Estado será fundamental em termos de manutenção de emprego, além das linhas de crédito existentes, mas admitimos que algumas políticas mais agressivas tenham de ser implementadas». Por outro lado, «temos de ter em conta o papel das instituições financeiras. Sabendo que todos vão sofrer, terá de haver um sofrimento partilhado entre a banca, o Estado, empresários e trabalhadores».

 

Que cenário em 2021?

«Acredito que em 2021 não estaremos exatamente nos níveis de 2019», diz o responsável. Mas «a história diz-nos que a recuperação depois de momentos de disrupção deste género é cada vez mais rápida, felizmente para a indústria», analisa Eduardo Abreu, dando o exemplo de eventos como o 11 de setembro, os atentados da Indonésia ou do Egipto.

No entanto, «a verdade é que estamos perante uma situação completamente nova, que não é nem um atentado nem uma crise financeira, e tem outro tipo de perfil», e um impacto «completamente global. A decisão de uma pessoa não é hoje “para onde vou” mas sim “se vou ou não passar férias”».