Expansão das yields é cenário provável no médio prazo

Expansão das yields é cenário provável no médio prazo

Este foi um dos quadros desenhados pelos especialistas reunidos esta quinta-feira no webinar organizado pela Cushman & Wakefield que destacou o “Impacto no valor dos imóveis na realidade pós-Covid19”. Este cenário de expansão das yields deverá ser mais evidente nos setores mais afetados pela crise como é o caso do retalho e da hotelaria, uma vez que estes vão ter impactos diretos nas suas rendas, argumenta Luís Francisco, vice-Presidente da MSCI. Esta é uma perspetiva partilhada por Ricardo Pires, Head of Corporate Department no Crédito Agricola, que acredita que «as yields devem subir e as oportunidades no mercado devem ser bastantes».

Os resultados preliminares da análise de sentimento levada a cabo pela Cushman & Wakefield revelam isso mesmo. Cerca de 65% dos investidores – sobretudo portugueses - que participaram no estudo antecipam um crescimento das yields no médio e longo prazo. E será na hotelaria, no retalho, nos escritórios e nas residências de estudantes onde esse aumento deverá ser mais evidente, segundo revelam os resultados. Por outro lado, o segmento logístico, o residencial para arrendamento e os ativos relacionados com o setor da saúde são os que deverão permanecer mais resilientes em termos de movimento de yields.

Mas note-se que a incerteza mantém-se na conjuntura imobiliária atual. Sabe-se que os cenários hoje desenhados para o médio e longo prazo não passam de hipóteses que a todo o instante podem mudar se a evolução da pandemia Covid-19 tomar rumos diferentes. Esta marca de incerteza foi vincada por Pedro Seabra, Senior Partner na Explorer Investments, que assumindo um cenário otimista de recuperação no mercado imobiliário em 12 meses, considera que o efeito da pandemia «nas yields, nas rendas e nos preços é quase inexistente», mas alerta que «se se prolongar, o cenário vai mudar». O que os dados históricos da MSCI dizem é que «as maiores das correções de preços estão associadas a recessões económicas», salienta Luís Francisco na ocasião.

 

O que virá no médio prazo?

Apesar de ser «difícil prever os pontos de viragem» do mercado imobiliário, Luís Francisco acredita que os investidores que possuem carteiras diversificadas e que apostam em arrendamentos de longa duração apresentam maior resiliência à crise.

Para Carla André, Managing Director da Reviva Capital, há dois fatores fundamentais para agir neste mercado incerto: a flexibilidade e a rapidez.  Na sua opinião, estes são aspetos «importantes para identificar oportunidades e aproveitá-las». No médio prazo, o mercado deverá receber «os investidores oportunistas que já estão a preparar-se para investir nos ativos muito alavancados e com baixo rendimento», alerta Carla André, sublinhando que «já se nota que os investidores internacionais que estão a mudar a sua estratégia de value-added para oportunistic».

Embora hoje a hotelaria esteja numa situação «trágica», o Senior Partner da Explorer Investments considera que «no cenário de recuperação de um ano o setor pode estar ainda mais forte do que estava». A opinião é partilhada por Carla André que acrescenta ainda que «a hotelaria tem a vantagem de proporcionar experiências que não são compradas na Internet». O que, pelo contrário, não se sucede no retalho. «O retalho será o setor mais afetado. Já se antecipava uma necessidade de se reinventar, dado o receio sentido por parte dos investidores em apostar no setor. O Covid-19 foi o gatilho», explica a Managing Director na Reviva Capital.

No que diz respeito ao segmento de escritórios, Ricardo Pires assume que «o equilíbrio entre oferta e procura em Portugal que vai proteger o setor». Pedro Seabra concorda que hoje «há uma procura latente no setor. O crescimento económico vai influenciar as rendas de escritórios. Mas há muita liquidez para investir em imobiliário e, em especial, no setor de escritórios».

 

Recorde a participação de Eric van Leuven, Director Head of Portugal da C&W, e de Pedro Seabra no Iberian Property Investment Talks.