Quem o diz é o bastonário e presidente da Ordem dos Engenheiros, Carlos Mineiro Aires, falando à Vida Imobiliária no Conversas Diárias – Especial Covid-19. «Gostaria muito que isto fosse passageiro». Mas o responsável admite que vê a situação da pandemia de Covid-19 «com grande preocupação, pois os impactos económicos desta pandemia estão à vista. Os apoios do Estado nunca serão suficientes para suprir a atividade económica em si. E teremos ainda a questão do acesso ao crédito. A banca não vai retribuir com a generosidade com que as empresas e os contribuintes o fizeram quando tivemos de pagar os deslises dos bancos. Mas é claro que tem de haver injeção de liquidez nas empresas e apoios grandes».
Certo é que o “calo” que a construção ganhou com a última crise pode jogar a favor num momento mais difícil. Agora, é altura de «olhar para a frente. Passamos praticamente 9 anos de grande aflição depois da última crise, e esperamos que esta dure menos tempo, e que os abalos na nossa economia e na economia mundial se dissipem o mais rapidamente possível. Mas claro que esse período de recuperação não vai ser curto».
Carlos Mineiro Aires considera que o setor ainda não tem os apoios necessários: «a preservação do emprego nesta área para já está tentada, e todas as associações estão a tentar manter a atividade, mas não está assegurada». E lembra que «as coisas podem evoluir para um cenário em que as autoridades podem ser levadas a parar a atividade da construção».
Mas, para já, a Ordem aposta em dar todas as recomendações de segurança às empresas, para que as implementem em todos os estaleiros e obras, «para continuar a laborar. Seria um desastre parar a atividade da construção civil. É preciso ter cautela, mas parar seria muito complicado».
O bastonário acredita também que muitas mudanças vieram para ficar, nomeadamente o teletrabalho, e o ensino à distância, que provam que são eficazes. Admite mais compras online, e um uso generalizado da tecnologia, mudanças que «estão a ser alavancadas com o tsunami que está a passar, talvez de forma irreversível. Acabou por acelerar o futuro dos que eram descrentes nas novas tecnologias», conclui.