Falando à Vida Imobiliária no Conversas Diárias – Especial Covid-19, o Chief Developer da Capital Urbano afirma que «temos agora uma oferta de milhares de fogos no centro da cidade que deixam de ter os seus clientes habituais», até porque o principal impacto da quebra do turismo é «a quantidade de quartos e casas vazios no Porto», que precisam agora de «reconversão em formas de alojamento que dependam menos de turistas». Acredita que é a hora de o mercado se basear «em clientes locais».
Nos próximos tempos de crise, «é fundamental para qualquer mercado que todos os agentes percebam que precisam todos uns dos outros – proprietários e senhorios têm de perceber que têm de flexibilizar a relação com os seus ocupantes, procurar outros ocupantes também».
Para o responsável, é também importante que a Câmara Municipal do Porto tome a iniciativa, «e se coloque enquanto garante de rendas com os novos programas» que tem vindo a apresentar, como o Porto Com Sentido, que vai arrendar habitações aos proprietários e subarrendar no mercado de renda acessível, incluindo alojamento local.
Mudanças de 20 anos em apenas semanas
Admitindo que «ainda é cedo para perceber o impacto certo», Francisco Rocha Antunes acredita que «o impacto deste teletrabalho vai ser muito grande no imobiliário». Isto vai alterar «a forma como trabalhamos, como fazemos compras, de uma forma muito profunda».
O responsável considera que este será um «grande “reset”. vamos ter de pensar tudo o que fazemos no mercado imobiliário. Onde é que as pessoas querem trabalhar? Onde querem morar? São precisas tantas lojas físicas ou não? Um processo que levaria 20 anos a concluir foi agora comprimido nestas semanas».
Pela positiva, o facto é que, e na sua experiência, «conseguimos ganhar clientes novos, o que pode ser muito pouco provável, mas há investidores que sabem que esta é a altura certa para tomar decisões». E está convicto de que, no imobiliário, «devemos manter-nos ligados o mais possível através destas novas formas».