É esta a convicção da secretária de Estado da Habitação, Ana Pinho, que falava no webinar “60 minutos APEMIP” esta segunda-feira, onde lembrou que «temos falta de oferta no segmento médio e médio/baixo, e temos instrumentos de apoio e incentivo para que se faça arrendamento para estes segmentos, que são uma mais-valia para o próprio setor», destacando o Programa de Arrendamento Acessível, ou a figura do Direito Real de Habitação Duradoura. Assumindo este mercado como «aquele que mais nos preocupa», a governante destaca as «condições fiscais muito favoráveis» do PRA, e os «seguros com baixo custo», e acredita que o programa «pode ajudar a absorver parte do impacto na queda de valor que possa existir no imobiliário».
Por outro lado, salienta que «precisamos de mais casas em arrendamento acessível e queremos criar todas as condições para que essa oferta exista», mas admite que muitos dos desafios da construção nova, como a falta de mão-de-obra, vão manter-se além da pandemia.
Luís Lima, presidente da APEMIP, concorda que «o arrendamento é o mercado do futuro» em tempo de pandemia e incerteza. «Não temos qualquer dúvida disso. Vai permitir rentabilizar as despesas, e os mediadores vão conseguir cativar investidores e fazer uma boa gestão da carteira de arrendamento».
Uma das preocupações, acredita, prende-se com «o descrédito no valor do imóvel». Para já, as moratórias criadas «ajudam a que não haja desvalorização dos ativos. Damos espaço para que as famílias possam respirar neste momento, e isso cria condições para a credibilidade do setor». Mas, «se entrarmos numa espiral de descrédito, a rentabilidade é absorvida pela desvalorização do preço». Por isso, pede «que não se reaja muito emocionalmente» nos próximos tempos, em que os proprietários e os promotores «vão sentir uma pressão muito grande» para baixar preços.
Está certo de que «o imobiliário vai reagir. Já o provamos no passado, e agora faremos o mesmo».