Esta é a perspetiva de Cristina García-Peri, Head of Business Development da Azora, que explica ainda, no âmbito da rubrica Iberian Property Investment Talks, que os fatores para o sucesso deste setor se encontram reunidos tanto do lado da procura como da oferta. Se, por um lado, nestes tempos de incerteza «as pessoas vão preferir arrendar a comprar casas», por outro, «o imobiliário continuará a ser uma alternativa fantástica para os investidores e, portanto, haverá muito dinheiro a voltar aos diferentes segmentos do mercado». Neste cenário, «o housing rental será decerto um dos vencedores», acredita.
Esta é, aliás, «uma boa oportunidade para os países se focarem no investimento internacional e também nacional», assegura Cristina García-Peri. Mas para o fazer serão necessários «mais programas de cooperação público-privada, em que o público subsidia os terrenos, e os privados constroem casas para colocar no mercado de arrendamento». A aceleração dos processos administrativos públicos de forma eficiente - que será possível através da digitalização - é outro ponto que poderá ajudar a atrair investimento.
Leisure Hotels vs Business Hotels: recuperação em duas velocidades
No que diz respeito ao setor hoteleiro, um dos segmentos mais afetados pela crise do Covid-19, a Head of Business Development at Azora acredita que os leisure hotels deverão recuperar mais rápido do que os business hotels.
Isto porque as condições de teletrabalho permitem hoje fazer reuniões com uma qualidade tal, que as empresas não deverão ter necessidade de reunir pessoalmente. Este tipo de encontro é, aliás, «a primeira coisa que as empresas cortam nestes tempos incertos», sublinha. E, portanto, este tipo de hotéis deverá ver as suas taxas de ocupação bastante reduzidas no longo prazo.
Já os leisure hotels poderão recuperar a uma maior velocidade, já que as pessoas deverão voltar a viajar assim que ficarem convencidas de que as condições de segurança sanitária estão asseguradas pelas unidades, como é o caso do cumprimento das distâncias mínimas nas áreas comuns dos hotéis e dos seus restaurantes.
Para manter os negócios hoteleiros é «importante garantir continuidade dos apoios económicos» hoje disponibilizados pelos Governos, assegura Cristina García-Peri, argumentando que, mesmo que «os hotéis possam voltar à atividade, não terão os mesmos níveis de ocupação do ano passado e, portanto, precisarão de apoios».
Mesmo assim, haverá casos em que os proprietários e os operadores não sobreviverão à crise, já que a «época balnear será curta em alguns países, não permitindo suportar os custos do negócio», avança. Assim alguns proprietários vão ser obrigados a colocar os seus ativos no mercado e, por esse motivo, a Head of Business Development at Azora revela que vê o segmento hoteleiro «como uma oportunidade de investimento».
Incerteza paira sobre a valorização dos ativos
A incerteza da atual conjuntura parece pairar também sobre a avaliação dos ativos e, segundo Crisina García-Peri esta está mesmo «a expandir a oferta que naturalmente existe no mercado».
Neste cenário, «a maioria dos investidores está a aguardar», porque «há uma grande incerteza relativamente ao preço dos ativos», já que as listas do mercado hoje «não refletem exatamente o real impacto desta crise nos preços» dos imóveis, explica. «Deverá levar meses até que os compradores estejam mais confortáveis na avaliação dos ativos e, por outro lado, que os vendedores sintam que os ativos têm o valor apropriado», sublinha Cristina García-Peri.
A verdade é que os «compradores oportunistas estão no mercado e já estão à procura de oportunidades», alerta. Mas só deverão realizar operações quando as avaliações dos ativos apresentarem descontos entre 15% a 40%, dependendo da classe de ativos. Ainda assim, Cristina García-Peri não acredita «que haja muitas transações deste tipo».