De regresso da Conferência da ULI... Por favor leia este texto!

De regresso da Conferência da ULI... Por favor leia este texto!

Os temas macro-económicos e uma discussão de tendências do mundo da finança imobiliária, em regra, ajudam a entender com maior nitidez o momento atual, a fase do ciclo em que estamos. E por regra o que se diz em janeiro nesta conferência, mais coisa menos coisa, está certa!

Bom, este ano tomei muitas notas sobre todos estes temas muito interessantes, como matéria que vamos com certeza relatar. Mas não apontei nada sobre o que mais me interessou, porque tenho mais dificuldade em escrever sobre isso de uma forma factual e por isso prefiro este relato mais pessoal e intimista.

A verdade é que o impacto da tecnologia e a revolução digital que vivemos hoje, atravessou todos os tópicos de discussão da Conferência ULI... E com um profundo desconhecimento, reconhecido por todos, sobre o que nos aguarda.

E talvez seja por isso que tenho mais dificuldade em escrever de forma factual. Por medo ao que desconhecemos, não controlamos e não temos sequer ideia como o fazer!

Mas vamos por partes.

O economista da “praxe” resumiu de forma competente o momento em que vivemos. Mas deixou duas notas fundamentais. Já ninguém sabe bem como medir a inflação, porque as “Amazon’s” confiam em algoritmos a definição de preços, de acordo com múltiplos fatores, incluindo o próprio histórico de compras de cada um. Porque a compra “on-line” tem colocado em múltiplas indústrias uma pressão nos preços que parecem justificar uma continuada baixa inflação. Os modelos económicos de relação entre inflação – taxas de juro – crescimento, parecem já não ter aderência à realidade que vivemos.

Conclusão do macro-economista de serviço? Não sabemos como vamos sobreviver a uma politica monetária acomodatícia e de baixa inflação.

Vamos ao painel seguinte, sobre as tendências de retalho. Qual a única “paranoia” de todos os ilustres membros do painel?

Claro, adivinhou. Como é que os centros comerciais vão conviver com o fenómeno de “shopping on-line”? A compra na internet é levantada na loja do shopping? As marcas para sobreviver tem que interagir com o consumidor e precisam de lojas mais impactantes? Uma oportunidade para os centros comerciais que podem ser comunidades on-line para as compras locais? Também aqui as perguntas foram muitas, as respostas vagas e as certezas nenhuma!

Fomos a um almoço volante mudar de assunto. Os promotores espanhóis estão a voltar à Polónia!

Um “Berlinense” veio reconhecer que a sua cidade é basicamente muito feia, e resumir Berlim como “fucking sexy”... porque reclama ser a capital do empreendedorismo e sede de algumas das plataformas digitais com maior crescimento do mundo! Claro, tudo digital com um eco-sistema a ferver de ideias que levantam milhões antes de existir. “Fucking Sexy”!

Uma tarde que continuou com uma brilhante palestra de uma senhora com o nome de Robin Chase, autora do livro “Peers INC”. “INC” de grande empresa, “peers” de milhões de locais que são fornecedores e clientes, utilizadoras de plataformas disruptivas que promovem a desintermediação.

Uma re-definição interessante. O negócio de “Bed Sharing”... ou seja, cama partilhada. Na definição, lógica, da autora, os hotéis são os protagonistas do negócio do “bed sharing”, ou seja vendem a mesma cama em dias consecutivos a diferentes pessoas.

Quem é o líder absoluto do “bed sharing”? “Couchsurfing”, com 2,5 milhões de camas. O segundo é “Airbnb” com 650 mil camas... E o Grupo Hoteleiro IHG é terceiro com 645 mil camas.

Conclusão. A economia da partilha é a nova resposta disruptiva que vai promover o combate ao desperdício e é a resposta ao excesso de capacidade instalada na economia.

O impacto no mercado imobiliário? Todo! Estamos no domínio da partilha de infraestruturas. Camas, habitação, espaço de trabalho, garagens, armazéns... Ou de forma mais “fucking sexy”, o “Co-living”, “Co-Work”, Hostel, “co-que-mais”!

A mesa redonda seguinte ilustrou o abismo entre os “empreendedores digitais” e o resto da sala... nada de novo.

Acabou a conferência com uma respeitável mesa redonda de normais investidores... digitalmente atordoado, já ouvi muito pouco!

Peço desculpa pela presunção do título, mas realmente não encontrava nenhum outro que pudesse expressar a minha (in)tranquilidade!