Estado tem de intervir no arrendamento, diz APEMIP

Estado tem de intervir no arrendamento, diz APEMIP

 

Comentando os resultados do Barómetro da APEMIP relativo ao mês de dezembro, o presidente da associação, Luís Lima, lembta que «não é de agora que se registam estes desequilíbrios entre oferta e procura no arrendamento. Desde há muito que a APEMIP tem realçado este fenómeno, que se tem vindo a acentuar, uma vez que a falta de oferta tem incitado ao aumento de preços, sobretudo nas principais cidades, onde os valores de oferta estão longe de estar ao alcance das possibilidades das famílias portuguesas».

No levantamento levado a cabo pelo Gabinete de Estudos da APEMIP, 74% das imobiliárias reportou que a procura por arrendamento aumentou, enquanto apenas 16% notam um aumento da oferta deste tipo de alojamento. E 74% dos imóveis colocados no mercado de arrendamento são colocados, em média, em menos de 3 meses.

Em dezembro, cerca de 50% dos negócios foram fechados num intervalo de rendas entre os 300 e os 500 euros, valores que, para Luís Lima, «revelam o intervalo de preços mais procurado pelas famílias para ativos T1 e T2, tipologias que também reúnem o grosso da procura. No entanto, é cada vez mais difícil encontrar casas a estes preços, e grande parte dos  jovens e famílias acabam por aceitar arrendar por valores que ultrapassam a sua taxa de esforço».

Acreditando que a situação da habitação em Portugal se aproxima de uma situação «perigosa», realça também que «estamos a chegar a um ponto em que as famílias se deparam com o fenómeno “nem-nem”. Nem conseguem comprar, nem conseguem arrendar, tais são os valores que se apresentam no mercado. E esta tendência acentuar-se-á se tivermos em conta as recomendações do Banco de Portugal que tornam as condições de acesso ao crédito à habitação ainda mais restritivas. Neste panorama, só o Estado pode intervir para estimular a dinamização do mercado de arrendamento».

Para este responsável, fenómenos como o alojamento local ou o investimento estrangeiro não são as razões deste fenómeno, que tem como problema principal «a desadequação do mercado de arrendamento à nossa realidade. Não podemos pedir aos proprietários que façam o papel de garantidores de habitação a preços acessíveis, se não lhes são dadas condições para que façam do arrendamento um negócio rentável. Este segmento é um negócio, e como negócio que é tem que garantir lucro a quem o promove. Se no panorama atual os proprietários não vêm condições no mercado de arrendamento para que lhes compense apostar nele, é natural que dirijam o seus ativos para outro tipo de mercados», remata.