C21: Portugal "consistente" no topo das escolhas do Reino Unido

C21: Portugal "consistente" no topo das escolhas do Reino Unido

 

Em entrevista à VI, Paul Morgan, CEO da Century 21 UK International, explica que Portugal é um dos países chave para a atividade da empresa na Europa, estando no top 5 das preferências do Reino Unido, «consistentemente no top 3 e às vezes no top 1 ou 2. Isto mostra que é uma boa oportunidade para os clientes, seja pela vertente de lifestyle, localização, acesso aos aeroportos, voos rápidos, golfe, praias ou gastronomia». É um país consistente e «saudável» que não oferece só incentivos chamativos: «Portugal oferece Portugal, as pessoas ligam-se à cultura portuguesa. E não é algo que tenha acontecido de um dia para o outro».

Stuart Pooley, Diretor de Vendas da Century 21 UK International, acredita que «Portugal é tudo o que diz na embalagem. Os preços são consistentes, os retornos, a facilidade na língua, e há muitos países que tentam ser Portugal e não o são».

Morgan explica que os britânicos «sentem-se muito confortáveis» em Portugal. «O clima político, a inflação, a economia ou a segurança são fatores importantes que os atraem», procurando, tradicionalmente, o golfe e zonas como o Algarve, mas também áreas semi-rurais, casas renovadas, com terrenos, «atrativas para quem está na pré-reforma». Até porque, com o aumento da flexibilidade do trabalho em todo o mundo, «as pessoas podem trabalhar de qualquer parte. E os britânicos gostam do facto de Portugal lhes ficar “à porta de casa”, podem trabalhar também daqui», explica Stuart Pooley.

Regra geral, preferem comprar uma habitação usada ou renovada, e muitas vezes alugam mesmo antes de comprar, tendência que não se verificava há 10 anos atrás, quando se comprava em planta. «As compras começam com uma segunda casa, é o início de um plano. Primeiro podem comprar a segunda casa para a pré-reforma, e eventualmente ficar para a reforma», explica Paul Morgan. Além disso, o facto de o Reino Unido ser um mercado imobiliário muito maduro faz com que estes compradores tenham mais segurança e facilidade em vender as suas casas aquando destas mudanças, explicam.

 

Nova estratégia quer facilitar compras e acompanhar mais os clientes

A atividade da Century 21 UK International centra-se em ligar os agentes e promotores da marca de todo o mundo aos compradores globais, que procuram casa para se relocalizarem, para obterem cidadania ou para investimento. A Century 21 UK International assegura um processo mais acompanhado, e facilita os processos de compra em países como Portugal, Espanha, China, Reino Unido ou Chipre através da sua rede de agentes locais.

Paul Morgan explica que «estamos agora a posicionar a Century 21 de uma maneira específica para que possamos captar qualquer cliente, como nunca tivemos antes. Lançámos recentemente uma nova plataforma para o Reino Unido para juntar todos os nossos agentes independentes, no Reino Unido e também em Portugal, e isso vai fazer uma grande diferença no nosso negócio».

«Na Century 21 UK International permitimos, através de nova tecnologia, que estas operações se liguem a Portugal ou Espanha, num instante. O cliente senta-se numa agência em Londres com a C21, e podem comprar online uma casa em Portugal, com a certeza de que, ao sair daquela agencia, vão encontrar outra agencia C21 em PT. Temos a ligação de marketing e comunicação através de um intermediário que percebe ambos os mercados e o detalhe», realça o CEO.

 

"Acreditamos nos nossos parceiros antes e depois do Brexit"

O anúncio do Brexit teve uma grande influência nas tomadas de decisão dos compradores britânicos, mas vive-se atualmente «um período de acalmia», mesmo em termos de câmbio. «Não podemos medir ainda o impacto, mas acreditamos na nossa relação com os nossos parceiros europeus antes e depois do Brexit. As pessoas continuam a sentir-se em casa», diz Paul Morgan.

E acredita que «depois do Brexit, podemos ver os grandes mediadores e imobiliários, as grandes marcas, a ganhar força na Europa em geral, e também em Portugal. O apetite dos compradores britânicos tem vindo a subir, e a sua abordagem é diferente, as empresas estão a organizar-se mais e a fazer produtos diferentes».

Stuart Pooley acredita que, quando o Brexit acontecer, «apenas quem compra para investir poderá retrair-se momentaneamente, atrasando as suas decisões. Mas quem compra em Portugal porque cá quer estar, vai arranjar forma de o fazer. E estes são os clientes que acrescentam valor ao país».

 

Preços são demasiado altos «quando deixam de comprar»

Para Stuart Pooley, é certo que os preços têm crescido muito em algumas zonas de Portugal, mas acredita que «se estiverem demasiado altos, as pessoas deixam de comprar».

«O mercado é consistente, o sistema fiscal também o é, e é também justo. E se os preços são os que são, é porque alguém os paga, não devemos ter medo de casas mais caras por si só». E, no caso dos britânicos, o seu ponto de partida é um valor bem superior ao do mercado português.

Contudo, face a perspetivas de crescimento médio de cerca de 5% ao ano até 2020 (números da Ci), Paul Morgan considera que «um bom crescimento será de 1% a 3% a nível nacional. Algumas áreas deverão chegar aos 5%, mas acho que para o geral do país será um valor muito ambicioso». E, se assim for, «talvez o mercado tenha de arrefecer. Queremos um mercado saudável e diverso».

Segundo os números da APEMIP, Portugal recebe todos os anos 2 milhões de turistas britânicos, e entre 17.000 e 18.000 compram casa em Portugal, mais de 50% escolhem o Algarve.