Este responsável prevê que a atividade do mercado continue bastante dinâmica, nomeadamente «com base no pipeline», tanto da JLL e como de outras consultoras. Em 2017, «esperamos mais um volume acima de 1.000 milhões de euros», depois dos 1.254 milhões de euros que a consultora contabiliza que foram investidos em imobiliário comercial em 2016.
O clima está bom para o mercado, até porque «atualmente passamos uma mensagem de governo estável, e a economia cresce há 2 anos consecutivos», mesmo que esse crescimento seja baixo, e estes são bons indicadores para os investidores.
A necessidade de novos escritórios de qualidade e dimensão em Lisboa e no Porto foi apontada pela consultora como um dos principais desafios do setor para este ano, um alerta que, aliás, tem sido comum aos profissionais do setor. Este é um desafio essencialmente «para os promotores. Há procura» que vê Portugal como um bom país não só para viver, mas também para trabalhar. Se não encontrarem o produto de que necessitam, «podem escolher outros concorrentes», mas tal não terá ainda acontecido.
Segundo a consultora, há poucos escritórios em pipeline em Lisboa de momento. Um dos quais é a Torre da Cidade, promovido pela ECS Capital na Avenida Fontes Pereira de Melo, que está em início de construção e já completamente ocupado. A área que entra no mercado nos próximos anos deverá estar também grande parte dela pré-contratualizada, e mesmo a que não o seja, é insuficiente para a procura que se regista.
Pedro Lancastre salientou também que existem vários terrenos, nomeadamente em Lisboa, que estão prontos para promoção, por exemplo na zona das Amoreiras, da antiga Feira Popular ou em Alcântara: «são boas oportunidades» que incluem «espaço para outros segmentos residenciais», inclusive.
Residencial fala mais alto
Alguma da nova promoção que poderia estar já no terreno, nomeadamente de escritórios ou de turismo, tem sido travada pela opção pelo residencial, pois «a habitação continua a ser mais rentável. Os escritórios valem 4.500 ou 5.000 euros/m² (p.e. na Avenida da Liberdade), e a habitação vale o dobro», o que inclusive já levou à reconversão de vários edifícios de escritórios em habitação, por exemplo o Liberdade 40, Liberdade 12, Liberdade 238 ou a sede do Diário de Notícias, que tem um projeto residencial a arrancar.
O mesmo se passa com a hotelaria. Há várias cadeias hoteleiras interessadas, mas a conta é mais interessante se o uso for a habitação, o que já cria vários interessados noutras zonas do país, como Coimbra ou Aveiro.
Com a grande procura por residencial no centro de Lisboa, que se verifica depois da entrada da nova lei do arrendamento urbano e do aumento da reabilitação urbana, a procura doméstica de segmentos mais baixos vai-se dispersando pelos arredores e, por isso, a JLL acredita que «vai continuar a haver licenciamento para construção nova na Área Metropolitana de Lisboa» para satisfazer a procura interna.
Atração de investimento continua a ser central
«Os programas fiscais continuam a ser muito importantes», notaram os responsáveis da JLL nesta apresentação, «há um esforço grande de promoção de Portugal e do turismo», mas à medida que Portugal vai sendo cada vez mais conhecido a nível global, variam as motivações dos estrangeiros para comprar casa e viver no nosso país, que vêm em busca e rendimento, de uma segunda habitação ou mesmo de um local para passar a sua reforma. Prova disso é que a JLL/Cobertura registou 43 nacionalidades diferentes em 2016.
A jogar pela negativa, poderão estar «pequenas mensagens políticas», com as quais acredita que se deve ter cuidado, para não passarem «uma mensagem de instabilidade fiscal. E há que ter cuidado com as agências de rating», notou o responsável aos jornalistas.