Este responsável foi um dos oradores convidados da conferência “Organismos de Investimento Colectivo em Angola”, organizada pela Vida Imobiliária e pela sociedade de advogados Raposo Subtil e Associados na Universidade Católica de Lisboa, que marcou a actualização e ampliação da obra “Fundos de Investimento Imobiliário em Angola”. Dando o contexto de mercado, Nelson Rêgo considera que «existem 3 grandes momentos que fazem a história recente do sector em Angola», nomeadamente 2002 a 2009, que ficou marcado pela reconstrução no pós-guerra, 2009 a 2013, quando o mercado se focou em «responder às necessidades de habitação da população», e 2013 a 2016, momento marcado pela falta de divisas, descida do preço do petróleo e pela desaceleração do mercado, mas também é um tempo de «abertura de algumas janelas de oportunidade».
Para este especialista, um dos maiores problemas do sector prende-se com a questão do registo dos imóveis que, «se não acontecer, pode levar à inexistência do mercado hipotecário e, por conseguinte com menos transações e menor valor do imóvel. E começam a surgir alguns problemas que têm a ver com o crédito mal-parado, em que não há sustentabilidade para a execução».
Fazendo uma analogia com o funcionamento de um sistema informático, «diria que estamos na fase da assistência técnica», uma altura em que «as rendas estão agora determinadas em kwanzas e não se indexam em dólares, com a moeda a desvalorizar 70%. Isto faz com que seja impossível olhar como um mercado activo do ponto de vista do investimento».
A desvalorização sente-se na habitação ou nos escritórios, «mas existem outras grandes oportunidades, e a indústria, as grandes obras e a logística são desígnio nacional», notou Nelson Rêgo. Nomeadamente, «há muita coisa a acontecer fora de Luanda, o que vai conduzir a um novo tipo de desenvolvimento imobiliário, diferente do que foi feito até agora».
A RSA tem estado focada na divulgação deste tipo de veículo de investimento em Angola, baseado no modelo europeu e focado na atracção de investimento estrangeiro. António Raposo Subtil, da RSA, notou na ocasião que «temos feito um esforço grande para divulgar estas matérias» bem como para mostrar «as vantagens para o mercado» e apostando também na formação do sector. No entanto, «o mercado atual não é o mais propício» para o desenvolvimento e criação de mais fundos imobiliários, pelo que o esforço deverá ser continuado, notou João Nóbrega, da RSA, na ocasião.
Esta conferência contou também com a participação de Inês Cabral, da EY, que apresentou o enquadramento fiscal dos Organismos de Investimento Colectivo em Angola.