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SIMPLIFICAR É A CHAVE PARA CASAS MAIS TECNOLÓGICAS E EFICIENTES

Simplificar a oferta de soluções domóticas disponíveis no mercado é a chave para tornar a habitação não só mais tecnológica e eficiente, como mais sustentável e inclusiva, facilitando o dia a dia quer de quem nela vive quer de a quem cabe assegurar o apoio técnico durante a fase de operação e pós-venda.

Ana Tavares e Susana Correia 23 Setembro 2025

Ter uma casa equipada com tecnologia que nos permite acender as luzes, ajustar a temperatura ideal ou abrir a porta de casa com um clique há muito que deixou de ser ficção. Desenvolvendo-se a uma velocidade acelerada, as soluções disponíveis no mercado são cada vez mais eficientes e user friendly, e estão prontas para tornar as habitações dos portugueses mais confortáveis, eficientes e sustentáveis. Apesar dos avanços, ainda há muitos desafios na generalização destas ferramentas no mercado residencial, mas o setor imobiliário mostra-se empenhado em contribuir para as democratizar, como ficou bem claro no pequeno-almoço editorial sobre “Como é que a Tecnologia está a transformar a habitação?” que a Vida Imobiliária e a NOS Smart Home realizaram no passado dia 12 de setembro, no edifício sede da NOS no Campo Grande, Lisboa.

Cliente é o ponto de partida

O cliente tem de ser o ponto de partida, com os promotores imobiliários a deixar bem claro que no atual contexto de mercado o grau de incorporação (e de investimento) de tecnologias de domótica, IOT e até mesmo de soluções de maior eficiência energética nos projetos depende desde logo do segmento a que se destinam e das expetativas do seu público-alvo face aquele nível de preço.

Em primeiro lugar, o mais importante é compreender o cliente para quem estamos a trabalhar”, resume a administradora da AM48, Francisca Martins. Com vários projetos habitacionais em carteira, dirigidos a diferentes segmentos de mercado, a experiência da AM48 mostra que “para as classes média e baixa o reforço do investimento em domótica e, em certa medida, em elevada eficiência energética, ainda não é muito valorizado pelo cliente que nos compra um apartamento”, admite a responsável.

Sentimos o mesmo”, confirma Pedro Cardoso, Development Director da Teixeira Duarte Real Estate, realçando que “no segmento alto, a expetativa dos clientes que nos procuram é mais elevada, esperando que as frações tenham algo mais não só ao nível de acabamentos, mas também a nível em termos de inputs tecnológicos. No segmento médio, a expetativa é claramente diferente”. Por isso, defende o especialista, “mais do que pensar no custo que o reforço do investimento em tecnologia representa para nós, promotores, creio que a abordagem que devemos ter é, em primeiro lugar, a de tentar cumprir a expetativa dos diferentes clientes que nos procuram. Pois, quem compra num edifício direcionado para a classe média não tem certamente a expetativa que este conte com um sistema de domótica super robusto e com equipamentos topo de gama; mas, claro, que se conseguirmos fazer sempre um pouco melhor do que o esperado, isso será sempre uma mais-valia”.

Pedro Cardoso, Development Director da Teixeira Duarte Real Estate
Pedro Cardoso, Development Director da Teixeira Duarte Real Estate
Componente tecnológica tem de ser cada vez mais robusta

Face ao elevado impacto dos orçamentos das diferentes especialidades no custo total de um projeto, o diretor da FICOPE, João Preto, frisou a importância do planeamento prévio. E exemplifica: fruto da crescente aposta na tecnologia, “devido ao uso crescente da tecnologia, existe um sobredimensionamento dos quadros elétricos nos edifícios, o que muitas das vezes leva à necessidade de ter postos de transformação mais robustos e, consequentemente, maiores custos. O tipo de protocolos escolhidos ao nível da domótica e telecomunicações também poderá encarecer significativamente a obra”, diz, explicando que “os protocolos KNX recorrem a mais cablagem, obrigam a que haja quadros muito grandes e são tendencialmente mais caros, ao passo que as soluções em wireless requerem menos espaço de reserva e geralmente são mais baratas”.

Admitindo a atual dificuldade de muitos promotores em incorporar domótica nos projetos, o especialista acredita, porém, que “é inevitável que no futuro todos os edifícios venham a ter uma componente tecnológica cada vez mais forte. Até porque as novas gerações estão cada vez mais familiarizadas com a tecnologia no seu dia a dia e, na verdade, nascem já ‘conectadas’”.

Por isso mesmo, “os engenheiros devem ser logo incluídos na fase de estudo prévio do projeto, para percebermos quais os espaços necessários para comportar cada tipo de protocolos ou a otimização que se pretende”, diz o arquiteto Miguel Martins Santos, sócio do ateliê Fragmentos. Além disso, advoga, “uma experiência de uso simplificada também é fundamental para que as pessoas queiram efetivamente adotar a utilização de tecnologia domótica nos edifícios e nas suas casas. E, como a habitação que mais falta no país não é da gama alta, é dirigida para a classe média, ainda mais é preciso democratizar este tipo de soluções”.

Os bons projetos incorporam todas estas componentes logo desde o início, “mas são poucos casos ainda”, observa Cláudia Beirão Lopes, director of Licensing & Urban Planning da Reify. Em se tratando dos equipamentos que têm maiores requisitos de espaço e de energia ou que têm maior impacto visual na malha urbana, “as soluções têm de fazer sentido para a cidade como um todo, e os promotores mais profissionais e com targets mais altos têm essa preocupação”, diz, defendendo que “estas discussões têm de ser feitas logo no início dos projetos, durante a arquitetura. E, inclusive, têm de ser alargadas para fora do setor imobiliário”.

Claudia Beirao Lopes, director of Licensing & Urban Planning da Reify
Claudia Beirao Lopes, director of Licensing & Urban Planning da Reify
NOS Smart Home quer “massificar” as casas inteligentes em Portugal

Na opinião de Daniel Beato, administrador da NOS, o caminho da domótica no mercado residencial deverá ser semelhante ao trilhado pela tecnologia da fibra ótica, que, embora há menos de 20 anos fosse uma solução só ao alcance de alguns, hoje não só está completamente massificada como é um requisito obrigatório em praticamente todos os edifícios que se constroem.

Cabe-nos a nós, enquanto fornecedores deste tipo de soluções de domótica, contribuir para democratizar esta procura e esta oferta, desenvolvendo soluções que não só permitam baixar o seu custo como também sejam cada vez mais chave na mão, permitindo uma utilização mais simplificada” e, consequentemente, mais amplificada. “Acredito que essa abordagem da tecnologia pelo lado dos edifícios é absolutamente fundamental”, diz Daniel Beato.

Com isto em mente, a NOS lançou a solução NOS Smart Home, um serviço integrado de “casa inteligente” que permite ajustar as várias componentes de utilização da habitação, desde a climatização, aos estores, proteção, segurança, iluminação ou outros. E, como explicou Diogo Serras Pereira, diretor da NOS Smart Home, trata-se de uma proposta exclusiva e standardizada para os promotores imobiliários que a quiserem incorporar no seu projeto, com a NOS a garantir o acompanhamento pós-venda aos proprietários das frações, independentemente de serem ou não seus clientes de telecomunicações.

O que propomos é muito mais que domótica: queremos que o cliente tenha uma experiência o mais cómoda e integrada possível, num ecossistema simples de utilização que seja acessível quer para os mais novos quer para os mais velhos. E, e o que queremos fazer com a NOS Smart Home é a massificação desta oferta”, admite este especialista.

“Soluções baseadas em KNX apesar de serem soluções robustas, resilientes e versáteis, são muito pesadas do ponto de vista de requisitos de projeto, por serem totalmente cabladas e, consequentemente, bastante onerosas quer para o promotor, quer para cliente final, por exemplo na manutenção.. No caso da NOS optámos por desenvolver uma solução wireless, exigindo menos requisitos no desenho do projeto, maior simplicidade na implementação ao exigir menos espaço dedicado, mas garantindo a mesma robustez e resiliência. A nossa solução permite baixar significativamente os custos do projeto tornando-a acessível a segmentos de mercado que de outra forma não seria possível”, referiu Diogo Serras Pereira.

A tecnologia tem um papel fundamental na nossa vivência, principalmente em casa. Por isso temos feito esta grande aposta para trabalhar junto dos promotores para trazer uma tecnologia fácil e simples” que, neste caso, “permite total controlo da casa e utilizá-la de forma mais intensiva. Queremos torná-la mais acessível do ponto de vista económico, mas também da utilização, ao dar autonomia ao proprietário para a adaptar ao seu dia a dia”, garante Daniel Beato.

Diogo Serras Pereira, diretor da NOS Smart Home
Diogo Serras Pereira, diretor da NOS Smart Home

Para os especialistas presentes, a par com o menor custo associado ao hardware instalado em cada casa, uma das principais vantagens das soluções wireless de domótica é a poupança da área requerida para instalar a infraestrutura, nomeadamente ao nível dos cabos, permitindo “uma maior otimização dos projetos, dos custos e da energia”, observa João Preto. Algo que vem também vem facilitar a arquitetura, nota ainda Miguel Martins Santos, “já que a tecnologia pode ocupar menos espaço” e, assim, libertar mais área útil em cada casa.

Pensar além da venda

Os edifícios estão cada vez mais sofisticados, e independentemente da sua tipologia ou mercado-alvo integram algum grau de tecnologia que é absolutamente fundamental manter em boas condições de operabilidade ao longo da sua vida útil. Mas, sabemos que o mercado residencial não está habituado a fazer a gestão da propriedade e também é preciso mudar isso”, alertou José Rui Meneses e Castro, co-CEO do MAP Group, que lançou recentemente uma nova área de negócio para responder a esse desafio: a MAP Property Services.

De facto, concorda Daniel Beato, “a compra de uma casa é uma transação muito importante para o consumidor, com um enorme impacto na sua vida. Mas, na generalidade, a fileira da promoção imobiliária ainda não está preparada para prestar o acompanhamento pós-venda”. E, a seu ver, “os fornecedores de serviços, como a NOS, poderiam ajudar os promotores a criar uma solução final que contribua para um bom serviço de acompanhamento pós-venda”.