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Condomínios têm papel determinante na eficiência energética dos edifícios

Condomínios têm papel determinante na eficiência energética dos edifícios
Sessão "Descarbonizar e Eletrificar os Condomínios – O grande desafio".

Metade da população portuguesa vive em condomínios, em edifícios que na sua grande maioria precisa de obras. A habitação multifamiliar representa, por isso, um dos grandes desafios à descarbonização. No primeiro dia da Semana da Reabilitação Urbana de Lisboa, a sessão "Descarbonizar e Eletrificar os Condomínios – O grande desafio" trouxe à discussão estratégias essenciais para a sustentabilidade dos condomínios.

Na abertura da sessão, Vítor Amaral, Presidente da APEGAC – Associação Portuguesa de Empresas de Gestão e Administração de Condomínios, sublinhou o «papel crucial dos condomínios no processo de descarbonização», destacando o papel do administrador de condomínio como «aliado imprescindível neste processo, sendo responsável por sensibilizar os condóminos para a necessidade de obras e intervenções no edifício». Vítor Amaral completou que a APEGAC «conta convosco para descarbonizar os edifícios em Portugal», enfatizando a importância da colaboração de todos os envolvidos neste «desafio coletivo».

Medidas passivas são "contributo para a descarbonização"

O professor Vasco Peixoto de Freitas, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), abordou a necessidade de reabilitar os edifícios de condomínios do ponto de vista construtivo. Destacou a importância da eficiência energética e do conforto dos espaços habitacionais, ressaltando que «a atuação na envolvente do edifício com medidas passivas é um contributo para a descarbonização». Vasco Peixoto de Freitas refere que «temos de isolar os edifícios» e «investir em melhorias nas fachadas, caixilharias e ventilação».

Professor Vasco Peixoto de Freitas.

Por outro lado, Miguel Fonseca, Administrador da EDP Comercial, enfatizou a necessidade de «dar um passo em frente e acelerar a transição energética» e destacou os Bairros Solares EDP como uma «solução inovadora» nesse sentido. Estes bairros «estão a democratizar o acesso à energia solar e são peças-chave para acelerar a transição energética. São comunidades de energia renovável produzida localmente e que vão beneficiar os seus membros».

"Apostar no isolamento da chamada envolvente opaca"

A mesa-redonda de debate, moderada por Vítor Amaral, reuniu especialistas do setor para discutir estratégias e desafios nesta área. «Temos de apostar no isolamento e envolvente opaca para os edifícios estarem mais isolados e consumirem menos energia», afirmou Ávila e Sousa, Diretor Técnico do Grupo Preceram, acrescentando que «qualquer investimento que façamos em energia ou em sistemas de aquecimento num edifício mal isolado acaba por ser dinheiro mal gasto, por conta da envolvente». Destacou ainda a necessidade de «especificar corretamente as soluções disponíveis em projetos, um trabalho que temos feito», visando a «racionalização na utilização dos recursos e a minimização do impacto ambiental».

Por sua vez, José Sá Carneiro abordou a questão da eficiência energética dos elevadores, salientando que «o parque existente é ineficiente». Destacou as novas tecnologias que permitem reduzir significativamente o consumo de energia dos elevadores, uma vez que «permitem-nos reduzir o seu consumo em cerca de 66%, que é muito significativo». Os elevadores «consomem energia quando funcionam e quando estão parados», sendo que a manutenção dos mesmos «faz o condomínio economizar nos gastos com energia elétrica», afirmou.

Rui Oliveira, Business Developer, Robert Bosch Home Confort, sublinhou a importância de «atuar nas necessidades energéticas dos edifícios, especialmente através de intervenções passivas na envolvente». Destacou também a «relevância da aposta na eficiência hídrica, nos próprios sistemas», visando uma gestão sustentável dos recursos. Já Paulo Portugal, Diretor da Assistência Técnica da Mapei Portugal, referiu que «estamos a preparar uma parceria com a APEGAC», no sentido de «capacitar associações de condomínios e empresas de gestão na aplicação de soluções sustentáveis». Como se viu na apresentação do professor Vasco Freitas, «há muito ainda para fazer no que diz respeito às medidas passivas. A Mapei está envolvida nesse campo e vai continuar a estar», comentou Paulo Portugal.

Tiago Belo, Chief Operating Officer da Solyd, assinalou que «o tema da certificação e do consumo energético dos edifícios são preocupações da Solyd». Destacou a necessidade de adaptação às mudanças nos materiais e nas normativas, visando a implementação de soluções mais sustentáveis, uma vez que «os materiais vão evoluindo e temos que adaptar de edifício a edifício, de projeto a projeto».

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