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BIM e construção modular – uma “aliança perfeita”

BIM e construção modular – uma “aliança perfeita”
Créditos: Carlos Costa

A industrialização da construção é a grande tendência atual, face à escassez de mão-de-obra e de matérias-primas. A descarbonização é outro dos grandes desafios ao qual a construção modular pode dar uma resposta. A revolução não é algo do futuro, já está em curso. Neste sentido, a Semana da Reabilitação Urbana do Porto enfatizou este debate com a conferência “O BIM e a construção modular – o futuro da construção”

O BIM e a construção modular são uma aliança perfeita

Na primeira apresentação da sessão, Miguel Azenha, professor da Universidade do Minho, assinalou o BIM e a construção modular como uma «aliança perfeita». Definiu também a construção modular como «o processo em que um edifício, ou parte do mesmo, é constituído fora do local, em condições de fabrico controladas».

Numa ótica de analisar a construção eficiente e modular como «a nova forma de construir», José Costa, Arquiteto Núcleo de Pré-Construção do Grupo Casais, contou um pouco da experiência da TOPBIM (que se insere no Grupo Casais), uma empresa que presta um conjunto de serviços que integram tecnologias e processos BIM. O arquiteto sublinhou que «dentro da TOPBIM analisamos todas componentes do projeto, numa micro e macro escala. Temos cada vez mais solicitações para coordenações de projetos».

Para José Costa o «BIM já não é uma opção, mas sim a solução para os nossos projetos». Em termos de procura por uma construção eficiente e sustentável, o arquiteto do Grupo Casais indica que «estamos cada vez mais à procura da construção sustentável, em cada compartimento».

Mesa-redonda de debate

Com a moderação do painel a cargo de Ávila e Sousa, Diretor Técnico e Marketing do Grupo Preceram, debateu-se, entre especialistas, o tema do BIM e a construção modular enquanto “futuro da construção”. André Tomaz Lopes, Senior Project Manager da Round Hill Capital, realça que «não só os custos de construção, ou a escassez de mão de obra, mas os prazos associados à construção são um dos principais benefícios naquilo que é o retorno na construção modular».

A “pré-fabricação faz todo o sentido”

André Tomaz Lopes salienta que «a pré-fabricação faz todo o sentido, por isso, temos todo o interesse de utilizar esta ferramenta nos nossos projetos e investimentos», acrescentando que «há uma nova “trend” da construção modular que devemos abraçar». Contudo, atenta ainda para o facto de «desde o licenciamento até ao produto final, ainda não há uma “maturidade” no processo de pré-fabricação. Temos de ter mais empresas que ofereçam aos promotores mais soluções», refere.

Aniceto Viegas, CEO da Avenue, aponta que «sempre fomos um país de construtores, de uma construção mais tradicional». Para o responsável pela promotora imobiliária, «há uma barreira dos projetistas e uma barreira dos arquitetos, estão inclinados para um desenho Taylormade em qualquer situação, cada pormenor é desenhado, cada detalhe é único. Temos de ir para um conceito de uma certa padronização em vários aspetos da construção».

Uma necessidade de futuro

Para Aniceto Viegas este conceito é «quase uma necessidade de futuro, se quisermos ter um preço mais competitivo, pois estamos a chegar ao final do processo onde aumentar o preço é cada vez mais difícil e a redução das margens também tem o seu limite», completando que «se a fileira se quiser manter sustentável tem de se reinventar e isto parte de todos: projetistas, construtores e promotores». O responsável admite que não vê «grande alternativa à produção modular. Há uma necessidade de o mercado investir nestas soluções e nas capacidades de o poder fazer».

Paulo Lobato, Membro do Conselho Diretivo Regional do Norte da Ordem dos Arquitectos, frisa que «o verdadeiro problema não reside na qualidade que está associada ao sistema construtivo modular, mas sim na desconstrução que precisamos de ter a nível conceptual, a nível de projetistas e de gabinetes».

O representante do Conselho Diretivo Regional do Norte da Ordem dos Arquitectos refere que «estando garantida a qualidade técnica, precisamos agora de perceber que de facto a ideia associada à construção modular, de ser rígida e de ter dimensões pré-definidas na sua totalidade do espaço, mudou com a evolução das técnicas».

Gabinetes, essencialmente de arquitetura, devem «perceber que não há limite à criatividade com esta padronização de edifícios» e que «o verdadeiro problema não reside na qualidade da construção modular, mas sim no receio que o modular defina o nosso projeto», considera Paulo Lobato.

“O BIM já não é opcional”

Matias Gomes, arquiteto da Contacto Atlântico, sublinha que «o BIM já não é opcional» e que «quem não trabalha com BIM vai ser “expulso” lentamente do mercado». Considera que «não há outro caminho» e que o sistema BIM está pensado como um sistema colaborativo: «os grandes developers têm de começar a utilizar o BIM».

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